Estava vivendo a minha idade de jovem feliz, em buscas de um caminho que me desse uma realização de vida, pois era eu um Aspirante a Oficial da Reserva do Exército, convocado temporariamente para prestar um serviço militar a nível de estágio, que seria uma instrução inicialmente de seis meses, para promoção ao posto de Segundo Tenente.E nós, os convocados, fazíamos parte do maior regimento da América Latina da Vila Militar aqui no Rio de Janeiro e cada um de nós que éramos num total de 40 e que estávamos radicados e distribuídos nas companhias de serviços de todos os batalhões do REI ( Regimento Escola de Infantaria) que eram num total de quatro por companhia de serviços, sendo vinte por batalhão de comando, e finalmente oitenta homens ao todo e que faziam parte do primeiro grupamento tático da ONU, em caso de guerra mundial.E durante este estágio, nos éramos uma força auxiliar ao quadro de oficiais oriundos da AMAM (Academia militar das agulhas Negras), e teríamos para não envergonhar a nossa origem, o CPOR /RJ, nos empenhar para prestar um serviço que indicasse o nosso melhor nível, dentre todos os outros oficiais de carreira, que ali serviam e a quem seriamos uma dedicada força auxiliar.E cada um de nos éramos classificados e julgados pelo nosso Capitão comandante, e anexados a um plano de ensinamentos, e eu então, passei a ser o instrutor de Moral e Cívica, como ainda também, o Oficial responsável, pelo treinamento de armamento e tiro da companhia que fazia parte, como no correr do estágio fui também treinador de futebol e acabei apitando a partida final do jogo de futebol que fechava o campeonato regional no regimento. Vejam então a minha maior admiração como instrutor, fiquei emocionado e perplexo, quando fui dar a primeira aula de moral e cívica, e escolhi como sendo a minha instrução de apresentação, a Bandeira Nacional Brasileira, e foi aí a minha grande surpresa.Eram cento e setenta e cinco soldados, a quem me apresentei como instrutor da matéria e estava curioso diante de um grupo que eu sabia a origem daquela maioria, que na verdade eram homens que eram pegos pelo interior do país, para prestarem o seu serviço militar.Então para que eu testasse o nível de conhecimento desse grupo, uma vez que eu sabia que a grande maioria vinha de regiões de lavoura e serrarias, quis fazer uma pergunta, que me orientaria de que forma eu abordaria o meu caminho de instrução.Foi então que eu tive a maior surpresa , quando pedi a toda a turma de soldados, que levantasse o braço quando eu fizesse a pergunta, quando a resposta fosse uma afirmativa,E ai então fiz a primeira pergunta,,,, quem conhece o PELÉ ? Todos levantaram o braço conforme eu havia pedido, confirmando a minha pergunta.Vem então agora a segunda pergunta que elucidava para mim o nível do nosso grupo de soldados daquela época. Eu então perguntei quem nunca viu a Bandeira Nacional do nosso país levante o braço.Confesso que fiquei assustado, pois dos cento e setenta e cinco homens presentes, quarenta e três deles levantaram o braço confirmando a minha pergunta, de que nunca tinham visto o nosso manto sagrado..Vejam vocês como essa nação é de uma grandeza sem tamanho, quantos brasileiros a quem tive, muito emocionado, o prazer de apresentar a Bandeira do nosso grandioso Pais.Nesse dia após o meu trabalho de instrutor, fui para casa profundamente feliz e narrei o fato para minha patriótica mãe!
Desenhos de Jorge Queiroz da Silva
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
Falando com meu pai
Meu pai, já fazem mais de 53 anos e ainda te sinto vivo.
Confesso que nos separamos há mais de meio século.
Sei que você não morreu e está bem vivo dentro de mim.
Hoje brilham em minha cabeça as luzes de uma grande soma de esperanças.
Escrevo hoje, o que já deveria ter feito há muitos anos. Tento colocar a minha emoção e buscar nos poucos anos que tivemos juntos aqui na Terra, todos os exemplos de vida que você me passou.Lembra, meu pai, quando me contou os principais motivos que o fizeram deixar a sua Olinda querida, no bairro de “Casa Amarela” em Recife, com apenas quatorze anos de idade? Que força de vontade trazia aquele menino para enfrentar a vida numa Cidade grande e politicamente vigiada por ser a Capital da República do Brasil! Aquela história de que a sua família era densa eu comprovei pelo retrato de casamento da sua irmã mais velha. Ali estavam reunidos meus avós que não pude conhecer, meus tios e tias, ao todo uns quinze componentes. E você deve estar lembrado, que me contou, que o meu avô era um homem de uma estatura impressionante, para o brasileiro daquela época, pois ele atingia 2,15 metros.E ainda por cima, me disse que ele dava espetáculos em praça pública, deitando-se no chão e cobrindo-se de pranchas de madeira. Sua exibição consistia em que os carros da época passassem sobre o seu corpo demonstrando uma força de um “Hércules”. E ainda acrescentou que ele foi assassinado por um dos invejosos daquela Cidade, porque em razão do sucesso, ele era desejado por quase toda a maioria das mulheres.Isto provocava um grande ciúme nos maridos que se achavam preteridos. Algum deles, mais enciumado acabou por matá-lo a tiros, em plena praça pública.Foi aí então, que se iniciou a sua via crucis, pai. Você foi obrigado a morar com o seu irmão mais velho já casado e a sua vida não teve mais sossego, pois apanhava muito desse irmão. Você foi obrigado a deixar a cidade sozinho, para se ver livre dos maus tratos. Aqui chegou ainda menino, se empregando em uma padaria no bairro do Rocha aqui no Rio de Janeiro.Ali mesmo, com o consentimento do seu primeiro patrão, fez dos sacos de farinha a sua cama e casa, e ali trabalhava entregando pão, pela madrugada afora.Essa foi sua dedicação para a vida, que enfrentou sem medo, até os dezoito anos.Teve outra oportunidade de trabalho, quando foi convidado pelo dono de uma garagem vizinha, a ser seu novo empregado, e a partir dos seus vinte anos de idade, recebeu o apelido de “Paulista”, apesar de ser pernambucano, mas oriundo do Município, que tinha o mesmo nome.Ali você cresceu profissionalmente, tendo sido o homem de confiança, controlando todos os estoques de combustíveis durante a Segunda Guerra Mundial e sempre com muita honestidade, não se deixou levar, pelo câmbio negro da gasolina, que se implantava naquela época dos carros a gasôgenio, nunca tendo se favorecido da sua posição, pois a lei determinava, que a venda e o fornecimento de gasolina, só poderiam ser feitos às autoridades públicas e às áreas de saúde. Sua grande honestidade e lisura não o fez ficar rico ilicitamente, apenas ficou amigo de brasileiros ilustres. E como prêmio, por essa honestidade no seu trabalho, ganhou do seu patrão o título de sócio-gerente, que nem chegou a exercer, pois foi da vida afastado, provisoriamente pelo nosso bondoso “Deus”.Talvez quem sabe, para uma missão muito especial, que ainda vou com certeza saber o motivo futuramente, depois de lhe dar um longo abraço fraterno.Devo acrescentar, que nesse caminho de 23 anos aqui no Rio, você incluiu em sua vida uma fluminense nascida em Niterói, que por força do destino, também era órfã de mãe e que tinha por necessidade residido na casa da sua cunhada com o seu irmão mais velho e que por coincidência, também sofria maus tratos, após o seu pai ter sido afastado, por motivos políticos, do cargo de Diretor-Tesoureiro Geral dos Correios, que ocupava na então Capital Federal pela convocação feita, pelo Dr. Washington Luiz, o então presidente da República.Ela, minha mãe, sofreu também iguais dificuldades de vida, quase que as mesmas coisas que você.Você sabe bem dessa história, meu pai. Ela me contou que a necessidade em casa era tanta, que ela começou o namoro contigo e que você a conquistou, quando lhe deu um pacote de manteiga, que ela já não comia há muitos anos, pois quando o pai dela, o meu avô, foi afastado do cargo que ocupava, ela perdeu uma boa casa, instrução, o estudo de piano, suas roupas, suas bonecas, e sua formatura de professora, que só faltava um ano para completar.Mas o exemplo de vida a dois, ficou estampado nessa união e hoje me sinto feliz, muito feliz, em ter sido filho único de uma tão completa união a dois, que hoje tento reproduzir com a minha cara-metade, que representa grande incentivo de novas descobertas porque a manutenção de vida é um ato contínuo e sem desprendimentos.Minha grande intenção para o fim da minha vida, quando ela chegar, meu Pai, é te encontrar e sei que estará junto à minha mãe, que já se acha ao seu lado há algum tempo.
Espere por mim, meu pai !
sexta-feira, 12 de março de 2010
O mundo vai virar
Eu sempre pensei que um dia, o mundo ia virar, mas como isso poderia acontecer? A semente da humanidade foi plantada no Oriente, as maiores e mais antigas civilizações estavam alí fixadas, e por alí aconteceram as grandes descobertas. No entanto, o espírito aventureiro do homem, a força da sua ambição em obter além do que possuía, fêz este mesmo homem sair em busca de novos horizontes e novas conquistas. Hoje,decorrente dessa força, acontecem as coisas no Oriente e o restante do mundo se apavora. A Russia, a China e o Japão jogam o desespero nas bolsas internacionais, e nós, pobres cristãos, ficamos sem saber o que poderá ocorrer com o resto do mundo, onde estamos incluidos. Que fantástico o nosso caminho da globalização: ter ciência dos rombos financeiros do mercado mundial via Internet, sentir no rosto de cada operador da Bolsa, o desconforto da perda, sentir o desespero dos financistas e empresários e vê-los com aquele olhar tenso, aquela esperança de uma reviravolta, sem dúvida, é inacreditável... E como devem estar as UTI’S dos principais hospitais que cuidam da saúde desses profissionais, pelo mundo afora ? Trabalhar com dinheiro é terrível! Controlar dívidas caseiras já é um transtorno, muito pior, fazer lances da expressão real da dívida externa de um país, que até poderá atingir uma moratória. A minha experiência na área financeira é exatamente contrária a fase que o brasileiro atravessa hoje. Participei desse mercado, nas décadas de 70 e 80, quando o espírito dos nossos dirigentes era mais otimista. Otimismo talvez gerado pela forma como a política econômica encaminhava as coisas,ou seja, “com a barriga”. Sempre se resolviam dívidas com novas dívidas. Aprendi que o dinheiro tinha um preço a cada dia da semana. Na 2ª feira valia menos, na 3ª feira um pouco mais, na 4ª feira começava a aumentar um pouco mais e na 5ª feira tinha o seu mais alto preço, porque todas as operações financeiras deveriam estar concluídas até 6ª feira. Nesse ponto , o dinheiro barateava, porque iria “dormir” na conta bancária no final da semana. Hoje, fico louco, nosso dinheiro tem sempre o mesmo valor e as coisas não param de subir. De que adianta a moeda ser forte se ela vive trancada nos cofres dos bancos internacionais? Atualmente somos de primeiro mundo em valor de moeda, mas em compensação, somos os últimos do mundo em balança comercial. Nada produzimos e ficamos na expectativa de rever o básico da economia brasileira deslanchar, confirmando que o seu princípio mecânico tem que ser de “capital e trabalho”, e não de “trabalho do capital”. Vamos clamar aos nossos dirigentes que criem trabalho, que ganhem os mercados de exportação, que equilibrem a nossa balança comercial. Temos, necessariamente que ser um país ativo e não um “país passivo”, anterior à era da informática. Naquele tempo, os nossos contabilistas possuiam menos recursos para identificar a futura falência de um negócio. Normalmente êles chegavam até o proprietário e sócio e com um livro de 500 folhas na mão entre débitos e créditos, falavam entre os dentes, quase sussurando que a Empresa tinha falido, o que na maioria das vezes era confirmado pelo empresário. Nos tempos atuais as condições são totalmente diversas, temos como planejar, trabalhar, revisar e poupar. Não podemos esquecer,que o Dr. Enéas podia parecer um louco quando dizia que as nossas reservas eram infinitas,mas nessa hora o nosso presidente deveria fazer das palavras do Dr. Enéas as suas. Sem dúvida, estaria fortalecendo um novo refrão, em substituição aquele já consagrado bordão do nosso povo : -“ Eu tô maluco, ah! Eu tô maluco”, que o brasileiro grita quase diariamente, em busca da solução dos problemas de vida no nosso grande e glorioso país.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Uma barbearia, uma notícia, um comentário e um silêncio total !
quarta-feira, 3 de março de 2010
Minha era Brasil, na construção civil (II)
Vou aqui fazer referência única a um dos empresários que conheci, mais precisamente nas décadas de final de 60 e início dos anos 70.
O Dr. Roberto Jorge Oakim, sócio-proprietário majoritário da Construtora R.J. Oakim Engenharia era um homem dinâmico e de raciocínio rápido, voltado inteiramente para a construção civil. Não fosse ele um homem liberto de algumas convenções, teria ficado marcado nesse mercado, como o gênio da nova dimensão do mercado imobiliário. Como administrador de empresa não era dos mais detalhistas, pois se fazia presente em sua mesa de trabalho somente após às dezoito horas e normalmente acompanhado de uma equipe que mantinha o seu equilíbrio emocional: uma manicura permanente, um cabeleireiro, um amigo e empresário, Dr. Mário de Oliveira e a sua companheira, que não saía do seu pé.
A parte da noite era eternamente o horário preferido daquele profissional.
Normalmente, atendia aos seus diretores após uma sessão de massagem, corte e pintura de unhas de mãos e pés e de uma descoloração nos cabelos para manter a sua lourice.
Gostava de saber das coisas da empresa, falando ao telefone, recebendo massagem nos cabelos e com os pés encima da sua manicura. Habitualmente me pedia auxílio para ajudá-lo nas suas contas de projeção de negócios. Era um tipo raro, não temia resolver coisas de cabeça. Se por acaso, algum projeto na área de construção fosse colocado em suas mãos, rapidamente respondia: - aqui nesta planta podemos projetar dois edifícios de apartamentos de um, dois ou três quartos, com uma área útil de tantos metros quadrados.
Mas no entanto, para fazer contas de dois mais um, sempre me chamava para ajudá-lo e para se desculpar me dizia que já estava muito além daquelas somas, pois não sabia mais fazê-las.
Não será necessário dizer que a empresa passou a ser concordatária e logo após, teve a sua falência decretada.
Foi uma pena, porque uma construtora que tinha todas as bases técnicas para se fixar no mercado imobiliário, não poderia ter sido levada a uma situação de falência.