Lembro hoje, aqui nesse espaço, que convivi durante um tempo de minha vida com um grande talento da arte brasileira, o Oduvaldo Vianna Filho, grande autor de mini-séries da televisão brasileira, autor de vários filmes, em cumplicidade com outro gênio da criatividade, o não mais nem menos famoso Glauber Rocha, autores de Deus e o Diabo na Terra do Sol.
Mas porque eu falar de “Vianinha”, simplesmente porque estou escrevendo memórias e nunca saiu das minhas lembranças a história desse meu contemporâneo, apesar de um pouquinho mais jovem do que eu.
Estive ligado a sua vida por seis meses, exatamente no momento em que o desejo de autor despertava nele, forte, no grande objetivo de colocar em telas de cinema, na televisão ainda embrionária e até em nosso teatro já em estágio bem superior por todas as suas características, a sua preciosa criatividade.
Não falarei aqui das obras desse maravilhoso autor, mas insisto que pesquisem na Internet, nas livrarias, e com certeza irão encontrar tudo o que, em tão curto espaço de tempo, pode esse jovem realizar. Uma pena que tenha morrido tão cedo.
Mas eu só quero deixar gravado aqui nesse meu depoimento, que eu vi aquele estopim ser aceso, para a explosão dessa bomba literária brasileira.
Nos aproximávamos do final da década de 50, eu era um chefe de planejamento numa industria farmacêutica e dirigia um departamento que reunia, custo e análise, fabricação e produtividade, planejamento de compras e inventários.
Tinha a meu encargo, a direção de dez funcionários especializados em cada uma das diferentes áreas administrativas. Num determinado dia fui chamado ao gabinete do meu diretor industrial, que queria me apresentar a esse famoso escritor - Oduvaldo Vianna - que ali presente já estava na companhia do meu chefe e diretor. Por serem amigos e vizinhos do bairro do Leblon, discutiam o destino de carreira profissional do seu filho, ou seja o VIANINHA - o Oduvaldo Vianna Filho. Meu chefe então me apresentando ao tal senhor, disse-me que ali ele estava em busca de mudar a vida do seu filho, o VIANINHA, que apesar de estar também fomentando uma carreira de escritor e se arriscando na mesma profissão do pai, o amigo ali estava para fazer um pedido para colocação do Vianinha na empresa, debaixo dos seus olhos.
Por aquela razão estava me convocando para alocá-lo no meu departamento de análise de custos e de acompanhamento dos inventários mensais que realizávamos.
Tinha o pai o intuito de com aquele ato, tirar o filho das ruas e dar a ele uma responsabilidade de ganho de vida e de novos conhecimentos que lhe seriam úteis.
Meu chefe e diretor só me pediu que a qualquer problema com o rapaz, falasse diretamente com ele, pois fazia questão de acompanhar aquele caso pessoalmente, haja vista que o pai dele era um grande amigo.
Diante de minha concordância, na segunda-feira seguinte o rapaz já estava lá me aguardando para iniciar seu aprendizado na Empresa. Apresentei-o ao restante do grupo de trabalho, tomando o cuidado de não dizer de quem era filho, nem o que ele fazia na vida.
Comecei a explicar qual seria o trabalho dele, e frisei que ele não tivesse nenhuma vergonha em me perguntar alguma coisa, pois eu estaria sempre disposto a ajudá-lo.
De pronto, ele me colocou qual seria a sua posição naquele emprego que o pai lhe teria arranjado. Firmou que não ia me dar esperanças nenhuma e que ali não ia ficar de jeito algum. Dizia que não me causaria problemas e pedia que eu tivesse paciência com ele naquela guerra com o pai, esclarecendo que concordou em fazer uma experiência de seis meses, mas já sentia que não ia dar certo, pois tinha uma outra cabeça, complementando que parecia que o pai tinha inveja que ele fizesse mais sucesso. Deixou claro que eu não contasse com ele no quadro de trabalho, pois já tinha seu futuro definido, pois ambicionava uma associação com o Glauber Rocha.
Baseado em tanta determinação, só fiz esperar os seis meses passarem e informar ao meu diretor a comunicação final da discordância do rapaz em receber uma nova carreira de vida.
Posteriormente o meu diretor soube convencer ao pai do rapaz que não insistisse em tirá-lo de sua carreira tão sonhada e, com satisfação, anos depois, pudemos vê-lo em cartaz com grande sucesso. Pena que seu futuro já estivesse marcado com a morte prematura.
Mas porque eu falar de “Vianinha”, simplesmente porque estou escrevendo memórias e nunca saiu das minhas lembranças a história desse meu contemporâneo, apesar de um pouquinho mais jovem do que eu.
Estive ligado a sua vida por seis meses, exatamente no momento em que o desejo de autor despertava nele, forte, no grande objetivo de colocar em telas de cinema, na televisão ainda embrionária e até em nosso teatro já em estágio bem superior por todas as suas características, a sua preciosa criatividade.
Não falarei aqui das obras desse maravilhoso autor, mas insisto que pesquisem na Internet, nas livrarias, e com certeza irão encontrar tudo o que, em tão curto espaço de tempo, pode esse jovem realizar. Uma pena que tenha morrido tão cedo.
Mas eu só quero deixar gravado aqui nesse meu depoimento, que eu vi aquele estopim ser aceso, para a explosão dessa bomba literária brasileira.
Nos aproximávamos do final da década de 50, eu era um chefe de planejamento numa industria farmacêutica e dirigia um departamento que reunia, custo e análise, fabricação e produtividade, planejamento de compras e inventários.
Tinha a meu encargo, a direção de dez funcionários especializados em cada uma das diferentes áreas administrativas. Num determinado dia fui chamado ao gabinete do meu diretor industrial, que queria me apresentar a esse famoso escritor - Oduvaldo Vianna - que ali presente já estava na companhia do meu chefe e diretor. Por serem amigos e vizinhos do bairro do Leblon, discutiam o destino de carreira profissional do seu filho, ou seja o VIANINHA - o Oduvaldo Vianna Filho. Meu chefe então me apresentando ao tal senhor, disse-me que ali ele estava em busca de mudar a vida do seu filho, o VIANINHA, que apesar de estar também fomentando uma carreira de escritor e se arriscando na mesma profissão do pai, o amigo ali estava para fazer um pedido para colocação do Vianinha na empresa, debaixo dos seus olhos.
Por aquela razão estava me convocando para alocá-lo no meu departamento de análise de custos e de acompanhamento dos inventários mensais que realizávamos.
Tinha o pai o intuito de com aquele ato, tirar o filho das ruas e dar a ele uma responsabilidade de ganho de vida e de novos conhecimentos que lhe seriam úteis.
Meu chefe e diretor só me pediu que a qualquer problema com o rapaz, falasse diretamente com ele, pois fazia questão de acompanhar aquele caso pessoalmente, haja vista que o pai dele era um grande amigo.
Diante de minha concordância, na segunda-feira seguinte o rapaz já estava lá me aguardando para iniciar seu aprendizado na Empresa. Apresentei-o ao restante do grupo de trabalho, tomando o cuidado de não dizer de quem era filho, nem o que ele fazia na vida.
Comecei a explicar qual seria o trabalho dele, e frisei que ele não tivesse nenhuma vergonha em me perguntar alguma coisa, pois eu estaria sempre disposto a ajudá-lo.
De pronto, ele me colocou qual seria a sua posição naquele emprego que o pai lhe teria arranjado. Firmou que não ia me dar esperanças nenhuma e que ali não ia ficar de jeito algum. Dizia que não me causaria problemas e pedia que eu tivesse paciência com ele naquela guerra com o pai, esclarecendo que concordou em fazer uma experiência de seis meses, mas já sentia que não ia dar certo, pois tinha uma outra cabeça, complementando que parecia que o pai tinha inveja que ele fizesse mais sucesso. Deixou claro que eu não contasse com ele no quadro de trabalho, pois já tinha seu futuro definido, pois ambicionava uma associação com o Glauber Rocha.
Baseado em tanta determinação, só fiz esperar os seis meses passarem e informar ao meu diretor a comunicação final da discordância do rapaz em receber uma nova carreira de vida.
Posteriormente o meu diretor soube convencer ao pai do rapaz que não insistisse em tirá-lo de sua carreira tão sonhada e, com satisfação, anos depois, pudemos vê-lo em cartaz com grande sucesso. Pena que seu futuro já estivesse marcado com a morte prematura.
Jorge
ResponderExcluirÉ bom acompanhar e ler as memórias de quem , por desígnios que estão além da nossa condição humana,esteve próximo e nos traz relatos sobre artistas que souberam lutar por sua vocação!
Maysa,
ResponderExcluirEu tenho um neto o Lucas que sempre me diz, vô voce é um grande contador de historias, e eu confirmo sao as vezes estas mentiras que voce sempre pergunta que estou contando, que me lembro que nao sei se terei tempo de contar todas elas para voce. Mas sempre garanto Maysa, sao todas verdadeiras! abraçoe s gratissimo pelo seu comentario de excelente visao pessoal.