Naquele mesmo lugar onde encontrei o grande mestre da Fraternidade Eclética Rosa Cruz, veio a acontecer um novo encontro, desta feita o personagem era um humilde trabalhador.Um pintor de paredes de nome curto, como todos o conheciam, o Zé.Sempre trabalhador e muito dedicado à família, era membro de uma Igreja Evangélica da Tijuca, próximo ao Morro da Formiga.Naquele homem se refletia a bondade, o interesse, a obediência aos bons princípios da forma correta de viver.No trabalho, sempre portava a sua Bíblia e quando podia, no meio dos amigos, fazia a sua pregação e seu culto ao Evangelho de Jesus.Por ser assim, o pregador era um obstinado em angariar simpatizantes e num determinado dia, ele esbarrou com um tipo diferente das suas doutrinas, mesmo o outro lado da sua religião. Um tipo abusado, que trabalhava também como prestador de serviços na oficina mecânica, e que constantemente ameaçava colegas, e se dizia Pai de Santo de um conhecido Centro Espírita de Senador Camará.O Zé, conhecedor de todas as histórias religiosas, se colocou na posição de defender o seu grupo de amigos, e disse que teria forças suficientes, para transformar o Djalma, aquele aventureiro macumbeiro, no mais novo dos fiéis da sua Igreja.Sabemos de antemão, que numa coletividade, onde se reunam pessoas de meios diferentes, podem haver desentendimentos, discórdias e brigas.Aquelas pessoas que eram normalmente catequizadas, pela pregação do Zé, transformaram aquele desejo da conversão do Djalma, num desafio religioso, e disseram ao ao Pai de Santo, da vontade de conversão, que o crente, futuramente iria fazer, para transformá-lo num dos seguidores da pregação do seu Evangelho.Aquela afirmação manifestou a ira do Pai de Santo, que na semana seguinte, colocou um “trabalho de macumba” atrás das oficinas e mandou o seguinte recado para o entusiasmado cristão evangélico: - digam a ele que eu já arriei o trabalho e que vou botar ele maluco, ele vai ter muitos problemas, podendo ficar totalmente desequilibrado.E o grupo, que era totalmente heterogêneo, e o que mais queria era ver o circo pegar fogo, foi até o Zé contar sobre o tal trabalho colocado no terreno, atrás das oficinas.E o dedicado pregador, vendo-se diante da sua primeira prova de religiosidade e crença evangélica, não vacilou, pegou sua Bíblia e dirigiu-se imediatamente para o local. Lá, começou a fazer suas orações e para configurar a falta de crença naquele “despacho, tomou nas mãos uma garrafa de cachaça, e bebeu alguns goles, despejando o restante no chão. Ao final , disse em voz alta: - Tome conta disto, meu Jesus!.Lembro-me bem, era uma sexta-feira, e terminado o expediente ele foi para casa.E pasmem, a partir de segunda-feira, o Zé nunca mais veio trabalhar, o que causou muita preocupação em todos os seus colegas, pois ele nunca fora de faltar ao serviço.Decorreram duas semanas até aparecer na firma a mulher do Zé, dizendo que ele tinhaficado totalmente maluco,razão pela qual teve que interná-lo.Todos ficaram penalizados, inclusive o proprietário da Empresa, que também era um pastor presbiteriano.Desde então, todos ficaram preocupados com a vida do Zé, mas nós só sabíamos dele, quando a mulher ia à Empresa para receber alguma ajuda financeira para os filhos pequenos e carentes do casal.Pelo sim, pelo não, naquele mesmo ponto de ônibus, onde eu encontrei, aquele grau maior da fraternidade eclética, observei que no outro lado da calçada, vinha como que tropeçando, o Zé, aquele pregador que tinha sido internado e abandonado o trabalho.Fiquei impressionado e preocupado,pois ele demonstrava estar tomado por alguma coisa estranha.Confesso que tive medo de ser identificado por ele e fiquei a observar que direção ele iria tomar.Para minha surpresa, quando ele estava exatamente na minha direção, só que do outro lado da rua, ele parou bruscamente, e fez uma reviravolta, atravessando a rua na minha direção.Chegando próximo a mim e olhando fixamente para o chão, disse : - Como vai?E eu completamente atônito, respondi que ia bem, mas que ele parecia estar completamente mudado.Indagou-me porque e eu tentei perguntar porque ele se embriagava tanto, quando levantando a cabeça, disse-me que bebia para que eu não passasse a beber.Estranhamente, deu meia volta, tornou a atravessar a rua e seguiu o seu caminho sem olhar para trás.Fiquei por demais impressionado com o quadro que havia vivido e que me deu uma série de novos conceitos de vida material e espiritual.Até hoje não esqueço aquela afirmação do Zé, que tem para mim um peso muito grande, pois acredito que tudo de mal que a bebida trouxe ao pobre José, foi definitivamente uma orientação para mim.
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
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Instintivamente somos impelidos ao Outro, somos impelidos à comunhão, está
inscrito na nossa constituição como seres humanos que *só somos com o
Outro! *...
Há 5 meses
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