Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Minha segunda mala de vida

A minha segunda mala é aquela que vai nos acompanhar por todos os caminhos na vida, o da nossa verdadeira identidade.Para mim, seria a minha certidão de nascimento, que vai dar a etiqueta de identificação.No entanto meu pai, por ser um homem totalmente contrário as burocracias e a tudo que dizia respeito a documentos, o que abominava, quando eu nasci ele não se deu conta de que teria que providenciar o meu registro.O tempo foi passando e naquela época, há mais de setenta anos atrás, íamos para a escola muito cedo. Só aí quando eu já contava quatro anos e minha mãe foi me matricular, surgiu a necessidade da certidão de nascimento.Instalou-se assim o problema. O nosso Governo obrigava o pagamento de uma multa aqueles que não registrassem os filhos, num prazo de seis meses.Por esse motivo, o meu registro só foi feito, seis anos depois, quando o presidente Getúlio Vargas, concedeu o perdão dessa multa para todos os brasileiros.Acredito que isso ocorreu não tanto por dificuldades financeiras, mas porque meu pai, que abominava imposições, achava inconcebível pagar a tal multa.Talvez seja também por isso, que até hoje, eu também dou mais valor a palavra do que ao papel, seguindo assim, os prenúncios de meu pai.Não posso negar que isso, ao longo da vida, tem me trazido alguns problemas. Mas não importa.Hoje, com tudo normalizado, eu até já esqueci, mas com certeza, essa foi a segunda “mala” da minha vida, que só foi resolvida pela imposição da formação da vida de um ser humano, o estudo!Hoje, as coisas são mais fáceis de resolver, o Governo já mudou inteiramente esse quadro, e tem facilitado a vida dos mais pobres, inclusive, para moralização do senso, ele obriga aos cartórios de registro a não cobrarem taxas, para uma certidão de nascimento. Mas as coisas vão mais além, e as “malas” de vida não nos abandonam e temos a obrigação, de portar a mesma até os últimos dias da nossa vida.

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