O “doutor” Serrote,era uma pessoa com quem convivi muito na infância. Ele era responsável pela saúde das inúmeras famílias residentes no meu bairro e curava todo e qualquer tipo de doença, ajudando as famílias carentes daquela época. Com o seu apurado conhecimento da flora, fazia, como ninguém, o uso adequado das ervas. Invadia as florestas das cercanias, formando seu grande arsenal de ervas medicinais e, de casa em casa, ele oferecia os seus serviços médicos. O que mais impressionava as crianças, era a sua curiosa maneira de se vestir. Apresentava-se sempre de calças listradas, camisa branca de colarinho engomado e com botões dourados, além de um fraque negro, cartola preta e bengala com cabo de prata. Usava cavanhaque, monóculo, luvas brancas e portava anéis, com significados das correntes mediúnicas do Oriente. Tinha também um grande relógio de bolso com uma grossa corrente. Em suas costas, ele portava um saco de linhagem branco, totalmente cheio de ervas, e dependurado em seu cinto, um brilhante serrote, sempre limpo, sua principal ferramenta de trabalho. Assim, aquele ser “humano especial”, cultivava a amizade de toda a rua e conquistava, os olhares de todas as donas de casa. As crianças, o tinham como um “Deus”. Era muito comum eu ouvir a minha mãe dizer - quando o “doutor” Serrote, passar por aqui, eu vou resolver o problema da sua doença – Eu, criança ainda, ia aumentando, dia a dia, e cada vez mais, a minha admiração pela figura tão terna de um ser humano, diferente, que era o mais perfeito representante de Deus, na minha visão de criança feliz e bem intencionada.
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
-
Instintivamente somos impelidos ao Outro, somos impelidos à comunhão, está
inscrito na nossa constituição como seres humanos que *só somos com o
Outro! *...
Há 5 meses
Nenhum comentário:
Postar um comentário