Trabalhava eu, no Departamento Financeiro, como Gerente das Tesourarias de um Grupo Empresarial e jamais passaria pela minha cabeça, ser algum dia convocado, para depor diante da nossa Justiça Federal. Mas na verdade, isso aconteceu....Nos idos do ano de l981, estava eu em casa,num domingo, gozando do meu final de semana, quando o telefone tocou.Para minha surpresa, estava na linha o Presidente do tal Grupo.Atendi e notei que ele estava um pouco cuidadoso com as palavras que a mim dirigia. Como eu o conhecia muito bem , já sabia que ele não era homem de ficar dando voltas nas palavras, e que, por certo, o assunto era de suma importância para ele e para o grupo de empresas.Lembro-me que foi taxativo, ao dizer que queria solicitar um favor, um testemunho preciso diante da Justiça Federal.Tratava-se de um processo, que o Grupo de uma Indústria em Portugal, moveu contra a Empresa em que eu trabalhava através da Câmara de Justiça da Suíça.Perguntou-me se aceitava ou não prestar meu testemunho, em favor da nossa Empresa. Respondi que aceitava, pois era empregado deles e vivia do salário que me pagavam ao final de cada mês, não tendo nenhum motivo para negar um pedido daqueles.Notei que estava feliz quando me agradeceu pedindo que fizesse contato com o Departamento Jurídico no dia seguinte. Frisou ainda que o processo era complicado e teria que ser previamente estudado, alegando que o meu depoimento seria muito importante, pois a causa envolvida, tinha o seu valor inicial estimado em torno de seiscentos e cinquenta milhões de dólares. Foi bastante firme quando salientou que precisávamos ter os cuidados necessários para não perdermos aquela causa, pois ela era de vida ou de morte, para o Grupo. Ao retornar ao trabalho, eu procurei o Departamento Jurídico, e, de posse das informações, iniciei o estudo do processo, que envolveria na Justiça Federal, detalhes sobre remessa de dinheiro externo, abono de cauções de ações ao portador junto ao Banco do Rio de Janeiro e associação de capital, junto as outras empresas do grupo.Como se não bastasse toda aquela complicação, os advogados da empresa me entregaram um roteiro de perguntas, com cinquenta e quatro itens, que por certo, seriam feitas pelos juízes da Justiça Federal, e que deveriam ser por mim respondidas em plenário.Eu seria a testemunha chave, uma vez que, pelo meu trabalho lá, tinha sido o autor intelectual de toda a transferência de dinheiro externo e interno do Grupo, e com o agravante, de ter sido também, o portador das cautelas de ações entre as pessoas jurídicas e físicas do Grupo, para o abono bancário. Daí em diante a minha expectativa aumentava, a cada dia, pois teria que aguardar a convocação do Superior Tribunal de Justiça Federal, indicando a data certa para prestar o meu depoimento.E enquanto isso, a minha grande preocupação, era de convencer a Gerência do Banco Estadual a se fazer presente naquele processo, que iriam reforçar as minhas palavras em juízo. Finalmente, eu recebi a intimação, e iniciei o estudo das perguntas que fariam parte do dossiê do Departamento Jurídico para o meu depoimento, o que realmente aconteceu, com muita naturalidade e que causou espanto aos advogados do Grupo, pela precisão e certeza, diante da banca de juízes, brasileiros e suíços, que me ouviram com muita segurança e uma aparente calma interior, com a certeza de que cada palavra ali, pronunciada, seria o espelho da verdade.Saí do Tribunal, com a convicção de um dever cumprido e sabia de antemão, que a Empresa não perderia, e continuaria dona exclusiva do Grupo.No entanto,depois de todo aquele sucesso, após cinco anos, eu já não era mais um funcionário da Empresa e nas vésperas do Natal do ano de l985, recebi em minha casa, uma caixa de vinhos “Periquita”, com vinte e quatro garrafas, e uma carta de agradecimentos, assinada pelo Presidente mor,que me cumprimentava pela minha interferência como testemunha do maior processo judicial, que ele tinha enfrentado no mundo inteiro.
Vejam vocês, uma caixa de vinhos português em troca de um depoimento vencedor, no valor de seiscentos e cinquenta milhões de dólares.
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
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Instintivamente somos impelidos ao Outro, somos impelidos à comunhão, está
inscrito na nossa constituição como seres humanos que *só somos com o
Outro! *...
Há 5 meses
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