Decorria a década de 1980 e eu dirigia o Departamento Financeiro da área de Tesouraria do Grupo de empresas da Soeicom.
Num determinado dia, a recepcionista anunciou pelo telefone a visita de Paulo Roberto Campos, secretário de finanças do Estado do Rio de Janeiro.
Antes de fazê-lo entrar para o meu gabinete, solicitei a recepcionista que colhesse dados sobre aquela visita não programada, tentando descobrir inclusive quem o havia indicado.
Sem qualquer indício que me esclarecesse, a recepcionista insistiu que ele se dizia o Secretário de Finanças e que precisava falar comigo naquele momento.
Embora bastante assustado, autorizei sua entrada.
Formalmente nos apresentamos e o referido senhor esclareceu que estava lá para me oferecer ajuda e que provaria ser meu amigo.
Esclareceu que seu tio era o Ministro da Fazenda e havia lhe dado o cargo de secretário por já ter testado sua grande capacidade nos negócios.
Mostrou-me seu cartão de visitas que guardei na gaveta sem olhar e indaguei sobre o real motivo de sua visita e sobretudo quem lhe havia recomendado.
Sem querer dar nomes aos bois, o senhor Paulo alegou ter chegado a mim apenas pelo seu instinto e como conhecedor das grandes empresas no mercado. Mais uma vez, frisou que ali estava com o único intuito de prestar-me ajuda. Retruquei que naquele exato momento eu não necessitava de qualquer ajuda nos negócios sobre a minha responsabilidade. Perguntei se ele tinha conhecimento do tempo em que eu exercia aquela função e ele respondeu-me que desconhecia. Disse-lhe então que naqueles oito anos no cargo, eu tinha tido tempo suficiente para organizar e implantar mais de dez tesourarias em diferentes empresas do grupo, sem citar a inauguração da sede de um Banco na área fabril em Minas Gerais.
Naquela época eu era um pouco audacioso nas minhas ações e mesmo aquele momento não exigindo aquela atitude de minha parte, frisei que não tinha nenhuma obrigação de prestar contas ao Estado dos meus atos administrativos naquela Empresa, ainda mais que o grupo cumpria religiosamente com o pagamento dos impostos devidos. Concordei, apenas por delicadeza, em dar-lhe pequenos detalhes do trabalho que eu realizava, embora acreditasse ser completamente desnecessário. Apesar da insistência dele, dei fim àquela conversa agradecendo sua visita.
Creio até hoje, que minha postura firme naquele momento o deixou completamente desconcertado, por ter sido uma postura totalmente desconexa no mundo dos negócios, onde os interesses pessoais e os amigos políticos não se descartam com palavras de desagrado.
(Jorge Queiroz - 01/12/10, em ditado)
Num determinado dia, a recepcionista anunciou pelo telefone a visita de Paulo Roberto Campos, secretário de finanças do Estado do Rio de Janeiro.
Antes de fazê-lo entrar para o meu gabinete, solicitei a recepcionista que colhesse dados sobre aquela visita não programada, tentando descobrir inclusive quem o havia indicado.
Sem qualquer indício que me esclarecesse, a recepcionista insistiu que ele se dizia o Secretário de Finanças e que precisava falar comigo naquele momento.
Embora bastante assustado, autorizei sua entrada.
Formalmente nos apresentamos e o referido senhor esclareceu que estava lá para me oferecer ajuda e que provaria ser meu amigo.
Esclareceu que seu tio era o Ministro da Fazenda e havia lhe dado o cargo de secretário por já ter testado sua grande capacidade nos negócios.
Mostrou-me seu cartão de visitas que guardei na gaveta sem olhar e indaguei sobre o real motivo de sua visita e sobretudo quem lhe havia recomendado.
Sem querer dar nomes aos bois, o senhor Paulo alegou ter chegado a mim apenas pelo seu instinto e como conhecedor das grandes empresas no mercado. Mais uma vez, frisou que ali estava com o único intuito de prestar-me ajuda. Retruquei que naquele exato momento eu não necessitava de qualquer ajuda nos negócios sobre a minha responsabilidade. Perguntei se ele tinha conhecimento do tempo em que eu exercia aquela função e ele respondeu-me que desconhecia. Disse-lhe então que naqueles oito anos no cargo, eu tinha tido tempo suficiente para organizar e implantar mais de dez tesourarias em diferentes empresas do grupo, sem citar a inauguração da sede de um Banco na área fabril em Minas Gerais.
Naquela época eu era um pouco audacioso nas minhas ações e mesmo aquele momento não exigindo aquela atitude de minha parte, frisei que não tinha nenhuma obrigação de prestar contas ao Estado dos meus atos administrativos naquela Empresa, ainda mais que o grupo cumpria religiosamente com o pagamento dos impostos devidos. Concordei, apenas por delicadeza, em dar-lhe pequenos detalhes do trabalho que eu realizava, embora acreditasse ser completamente desnecessário. Apesar da insistência dele, dei fim àquela conversa agradecendo sua visita.
Creio até hoje, que minha postura firme naquele momento o deixou completamente desconcertado, por ter sido uma postura totalmente desconexa no mundo dos negócios, onde os interesses pessoais e os amigos políticos não se descartam com palavras de desagrado.
(Jorge Queiroz - 01/12/10, em ditado)
Fonte da imagem:jcconcursos.uol.com.br
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