Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

domingo, 28 de novembro de 2010

EU versus DISQUE DENÚNCIA (2007)

Iniciava-se o ano de 2007 e meu peito exibia a cicatriz produzida para sanar um infarto sofrido em 27 de setembro de 2006.
Lembrava ainda quando como um recém interno no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá, por ocasião da alta hospitalar, ingressava em minha casa trazido pelos braços de minha mulher, depois dela ter sido muito bem recomendada pelo médico que me operou, para que eu ficasse recluso em completo repouso pelos próximos seis meses.
Ela, como sempre, respeitadora de todos os códigos de ética de uma boa recuperação e cuidados, não faria balançar de jeito nenhum a acelerada cura de todos os efeitos colaterais daquela perigosa intervenção.
Eu, nos meados de abril do ano seguinte, o já falado 2007, numa tarde de sábado repousava em minha cadeira de recosto especial, quando dali passamos a observar um movimento estranho de jovens desconhecidos que invadiam os arredores do nosso prédio. Uma música tribal ecoava no salão de festas, um "rap" maluco, e nós ficamos indagando sobre o que estava acontecendo. Da janela da cozinha, víamos mais de trezentas pessoas que adentravam a festa e faziam balançar com gritos a estrutura do prédio.
Assustados, fizemos contato com a portaria e soubemos que aqueles jovens portavam, como ingresso, recibos de depósitos na conta de um morador que permitiam sua entrada naquela festa paga.
O grande risco era a diferença de idade dos participantes, atingindo até mais de trinta anos e olhem que se tratava de uma festa de um adolescente de treze anos. De pronto, qualquer um “sacava” que se tratava de um arranjo provocado para angariar dinheiro, utilizando as dependências do prédio.
Aquele “baticumbum” programado para encerramento à meia noite com bebidas alcoólicas e outros tipos de componentes, começou a chamar a atenção dos moradores.
Alguns desciam a portaria à procura da administração e do síndico que, aquela altura, não estava presente.
Notamos que tudo aquilo era idéia maldita de alguns condôminos que checavam a autencidade do valor depositado por cada convidado que chegava e que vinha de diferentes lugares do Rio de Janeiro.
De súbito me veio à cabeça o Disque Denúncia, a quem contatei de imediato.
Um operador atendeu e eu me identifiquei como sendo um sexagenário infartado recentemente, obrigado pela cirurgia a repouso total e sem qualquer possibilidade de suportar uma festa daquele teor que parecia ecoar dentro do meu apartamento.
Tal operador solicitou-me o endereço para que pudesse iniciar a investigação e aguardasse suas providências, pedindo que eu anotasse a senha referente a solicitação.
Revoltado em demasia com toda aquela situação, respondi que a festa estava ocorrendo naquele momento e que se não mandassem a policia imediatamente, podiam fechar aquela instituição. O operador disse que cumpria uma rotina de averiguação que fazia parte do seu serviço e que eu deveria aguardar. Indignado, mencionei que se ele seguisse os trâmites normais eu não precisaria mais dos seus serviços, haja vista que já teriam decorrido horas suficientes para a festa incrementada envolver menores em atos proibitivos para sua idade e terminar.
Daquela forma frisei para ele que se assim fosse eu julgava o disque denúncia fora do sistema de atendimento ao povo e reafirmei que eles poderiam fechar as portas, porque não serviam para absolutamente nada.
O operador, talvez sensibilizado pela minha forma de rebater sua atuação, pediu-me uns instantes para contatar sua supervisão. Aguardei então cinco minutos e ele retornou dizendo que dentro de apenas vinte minutos a polícia militar estaria chegando para colocar ordem na casa.
Com a chegada da Polícia, a intenção de realizar a baderna foi por água abaixo. Com o anúncio de que a Polícia estava chegando, a grande turma que pagou pelo ingresso evadia o prédio ao som de “Quero o meu dinheiro de volta!”
A partir daquele momento, elegi o Disque denúncia um órgão realmente consciente no auxílio a população em apuros.
Hoje, três anos depois, com o caos que se instalou no RJ, nesta semana, com satisfação vejo o Disque Denúncia atuando bem e rápido, tentando minorar a tragédia.

(Jorge Queiroz -26/11/10, em ditado)
Fonte da imagem:tupi.am

Um comentário:

  1. Estas festas arrazam todos quantos vivem nas cercanias. Eles que estão por dentro nem se apercebem da barulheira

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