Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Rádio Nacional, já quase secular, era um ponto de encontro estudantil!



A história que conto aqui é da época da minha juventude e adolescência, mas tem um grande peso em relação a ensinamentos, agora na minha terceira idade.
Vou tentar explicar o porquê desse peso nas linhas a seguir.
Eu era aluno do Colégio Brasileiro de São Cristovão e cursava o antigo curso ginasial.
As turmas daquela época eram formadas de quarenta e dois alunos em cada sala de aula. Tínhamos colegas de todos os níveis sociais e que residiam nos diferentes bairros da cidade do Rio de Janeiro.
O colégio contava com turmas mescladas de figuras da classe média alta, e baixa, onde eu me colocava.
Era uma entidade de ensino bem conceituada, devido a variedade de elementos que lá se faziam presentes.
Nós tínhamos um amigo que era sobrinho de uma das diretoras da área administrativa de uma emissora de rádio, que era a maior em programação do país, possuindo o maior conceito interno e externo no Brasil, pois éramos, naquela época, em 1946,a Capital Federal.
Em minha turma, eu tinha como colega, o amigo Domingos Martins, ator infantil das novelas da rádio e que era irmão de uma outra garota que estudava em outra turma, mais avançada que a nossa.
Era ela a também atriz de novelas e seriados radiofônicos Bárbara Martins.
No mesmo grupo ainda havia um outro garoto, o Mario Varetto, que era filho de um famoso maestro de programações musicais da mesma rádio, o maestro Ercole Varetto, um italiano que veio para o Brasil, fugido das guerras da Europa e que aqui resolveu ficar para sempre.
Num determinado dia, um outro colega, o Adalberto Braga, sobrinho da tal diretora, veio me fazer um convite para que participasse de um programa de variedades que ia ao ar todas às quartas-feiras à noite.
Tal programa era apresentado pelo Jota Silvestre e era anunciado com o nome de “QUEM CONTA UM CONTO, GANHA UM CONTO”, fazendo alusão à nossa moeda da época, o conto de réis, cuja nota era a mais valiosa da nossa economia.
Ele me explicou, quando fez o convite, que a Diretora da Rádio, nos passaria todas as perguntas a serem feitas durante o programa.
Continuou, assegurando que a nossa turma seria escolhida pelo apresentador e já teria em mãos as respostas certas.
Pediu que sentássemos espalhados no auditório da Rádio e a cada momento diferente da programação, um colega deveria levantar o braço para se habilitar a responder a pergunta.
Dessa forma, já conhecedores das respostas, ganharíamos o prêmio.
O Adalberto prosseguiu nominando a turma escolhida por ele: -o Nilton Falcão, o Albino Braga, seu irmão,o Mário Varetto, filho do maestro e além dele, eu.
Disse que não levaria os dois atores, empregados da emissora, por não poder contar a realidade para eles.
Perguntou se eu aceitava um dinheirinho extra nos bolsos todas às quartas-feiras.
E foi assim que ficamos naquela brincadeira, por mais de um ano, assegurando uma bela mesada mensal, o que nos ajudava nas despesas mensais da escola.
Claro que ninguém ficou rico com aqueles arranjos, até bem porque o saudoso Jota, não nos chamava todas as semanas.
(Jorge Queiroz - agosto/2010)

Fonte da imagem:oglobo.globo.com