Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Crises, crises, saídas e saídas ...



Crises, quem não as tem? Crises irritam, crises causam mal-estar, crises dão final às coisas estáveis, crises tiram o sono, crises nos tiram a saúde. E por que não buscar para cada crise, uma saída, será a maneira mais simples de matar uma crise, uma perfeita saída, que pode ser diplomática, política, duvidosa, perigosa ou até rancorosa. Vou comentar crises profissionais, pois as pessoais são confusas, e para cada crise pessoal, existe uma saída pessoal, e a saída pessoal é como as impressões digitais, é inimitável , tem reflexos de criação, de ambiente, de família, de cultura, de nível social e de objetivos. Eu tinha emprego estável, era o meu desafio profissional, segurava uma posição de destaque na empresa, comandava todo o movimento financeiro, em suma, a responsabilidade de um caixa de duzentos e cinquenta milhões de dólares. Meu patrão, um banqueiro e industrial europeu, calçado pela força financeira do seu aval pessoal, que lhe dava confiança de trazer dinheiro do exterior, no momento que ele quisesse,pois era muito conhecido internacionalmente. Infelizmente, uma crise no Brasil, fez com que o nosso governo, criasse pelo seu Banco Central, uma instrução normativa que impedia a sua flexibilidade, e que se algum empresário por que motivo fosse, trouxesse recursos do exterior, teria os mesmos bloqueados, e sua liberação só ocorreria num prazo mínimo de trinta a cento e vinte dias. Vale salientar que aquela instrução só trouxe irritação ao meio comercial e industrial brasileiro. Pensei então numa saída para facilitar os negócios do meu patrão ,já que ele queria trazer o dinheiro de fora e o governo lhe tirava tal possibilidade. Conversei com a diretoria de uma Financeira e mostrei o nosso dilema, por precisar do dinheiro, pois o BNDE, exigia que aumentássemos o capital da sociedade em oitenta e cinco milhões de dólares, conforme contrato de financiamento. Pensamos juntos e fizemos um novo financiamento encima da compra de sessenta vagões graneleiros, que já haviam sido financiados pela mesma financeira. Em garantia de tal financiamento pelo saldo de valor comercial conseguimos re- financiar, normalizando afinal, o tal aumento de capital, exigido pelo BNDE. Daí então, surgiu uma nova idéia e buscamos o caminho via negócios bancários no Paraguai, pois o câmbio entre aquela nação e o Brasil, era livre por ser um País latino. Meu patrão passou a trazer dólares, via Paraguai, sempre como pessoa física, transferindo em cruzeiros no Rio de Janeiro para um Banco brasileiro, na sua conta de pessoa física. Assim procedeu, até que a tal crise criada pela instrução normativa do Banco Central tivesse fim. Pude, naquela oportunidade, comprovar que crise se combate com saídas, e as saídas estão aí, só falta a nós sabermos utilizá-las.

(Jorge Queiroz - maio/2009)

Fonte da imagem:rutelopes.blogspot.com

domingo, 30 de janeiro de 2011

O difícil caminho de um histórico profissional



Vivia eu, a alternativa da busca do emprego ideal, aquele que colocaria à prova todos os meus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos.Aquele que iria confirmar, se realmente eu estava preparado para assumir todos os desafios de uma grande Empresa.Com esse objetivo, participei do processo de seleção que, por sinal, considerei o mais complicado de todos os que eu já havia até então, disputado.Naquela época desconhecia o mecanismo desses processos e transitei por uma longa estrada em várias entrevistas.A primeira delas foi com um funcionário federal lotado na Sup. de Marinha Mercante, como Diretor da Divisão de Auditoria, e que por via política, assessorava um grande industrial europeu.Foi bastante desgastante. Atendi a cinco convocações, em dias diferentes e a cada uma delas, eu respondia a perguntas do meu entrevistador, que sempre afirmava que dispunha de pouco tempo e não poderia me entrevistar como desejava.Dessas cinco convocações,a primeira durou cinco minutos em uma das salas, a segunda, com outro entrevistador, aconteceu na recepção da Empresa, a terceira dentro de um elevador no trajeto entre a cobertura e o andar térreo, a quarta andando pela Av. Rio Branco e finalmente a derradeira e quinta entrevista, já dentro da sua sala, onde me anunciou que eu seria admitido após a apresentação dos exames e documentos necessários.Lembro-me bem do seu sorriso quando me deu os parabéns por ter sido escolhido entre quase vinte candidatos.Completou que por aquele motivo iam inicialmente pagar-me o mesmo salário do antigo emprego e após trinta dias de experiência, teria um reajuste de vinte por cento. Julguei, naquele dia, que o referido senhor, pensava estar admitindo o mais fraco dos candidatos, para garantir-se , sem medo de perder o lugar.Talvez pensasse ele, que eu não tivesse os conhecimentos necessários para comandar um Departamento Financeiro de um grande grupo internacional, que envolvia, importação e exportação, câmbio, dívida externa, BancosNacionais e Internacionais, contas caucionadas, balancetes, cobrança a nível nacional, além das aplicações financeiras.Quis fazer de mim um mero assistente do trabalho que desenvolvia. Colocou-me ao seu lado na mesa e pediu-me que ficasse observando como trabalhava.Assim eu fiz, fiquei calmo e atento. Após o primeiro expediente, ele me disse que era um assessor somente de meio expediente,pois tinha um emprego público e por aquele motivo, os Diretores estavam com a idéia de substituí-lo.Convidou-me para um lanche,com o propósito, como disse, de me passar algumas “dicas”.Já na lanchonete, fiquei surpreso, pois o prato a mim oferecido era simplesmente uma cilada, para que eu ficasse impedido de assumir aquela posição. “O meu lanche era composto de lingüiça frita com cachaça!”Foi problemático estar novo no emprego, numa função de responsabilidade, trabalhando com finanças, e durante o período experimental, ter que conviver com bebida alcoólica e comidas perigosas oferecidas por aquele senhor. Mas, aquela posição falsificada de assistente, foi modificada quando o presidente do grupo, muito inteligente, observou o que se passava e determinou que as posições deveriam estar invertidas, pois eu assumiria a mesa de trabalho e ele observaria a minha desenvoltura.Aquela ordem modificou seus planos, e no dia seguinte, ele não mais compareceu ao serviço.A justiça então se fez e eu, sòzinho, conduzi todo o trabalho e segurei a posição, graças a Deus!


(Jorge Queiroz - outubro/2009)


Fonte da imagem:vinoblok.blogspot.com

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A dinastia das tias



Eu confesso que a vida segue dinastias, mas a principal delas, é por certo, a que se relaciona com as “Tias”. Aqui com meus botões, eu fico admirado de nem sempre ter prestado atenção a um detalhe, como esse, tão predominante em minha vida.Até bem pouco tempo atrás, eu não conseguia fazer qualquer afirmação a respeito desse assunto, talvez pelo fato de não ter sido contemplado com uma tia, pois os irmãos de minha mãe eram todos homens, e por conseguinte, só me forneceram “tias postiças”, ou seja, como se diz no contrabando, “tias do Paraguai”.Ainda pelo motivo de residir no Rio de Janeiro, eu não pude conhecer a família oriunda de meu pai, que me contemplou com seis maravilhosas “tias”. Como nunca viajei para o Recife, não cheguei a conhecer nenhuma delas, visto que meu pai faleceu prematuramente, aqui no Rio de Janeiro..Assim sendo, só me resta lembrar a relação carinhosa que mantive ao longo da minha vida, com as tias de minha mãe e com as tias “do Paraguai”.Acrescento aqui também as famosas tias de aluguel, que pela minha observação, são aquelas que andam buscando crianças bonitas e engraçadinhas, que as chamem de “tias” para a perfeita satisfação do seu ego.Já falei aqui neste espaço de algumas tias e hoje, enfatizo que elas são as principais peças de equilíbrio numa família, servindo de exemplos variados de afeição.Vejam vocês, eu passei por todas essas existências de “tias”, na minha infância e juventude, e nunca admitiria o peso de uma tia numa sociedade, mas só agora, com o passar do tempo, após ter me ramificado em várias famílias, eu vejo que todas as tias são atuantes e politicamente situadas.Socialmente uma grande nação não se constrói sem “tias”, haja vista, que há bem pouco tempo atrás, as professoras passaram a ser chamadas assim, pelos seus alunos.Mas quero aqui deixar bem claro, que eu acredito firmemente na “ dinastias das tias” , mas, para que o mundo fique mais calmo e mais tranqüilo, peço que todas aquelas que pertençam realmente a essa dinastia, não sufoquem os outros membros da sociedade, como mães, pais, tios, avós, cunhados.Que façam o seu trabalho social, mas sem exageros que comprometam a personalidade dos seus valorosos e competentes sobrinhos, que na realidade serão o futuro da nação.


(Jorge Queiroz - dezembro/2009)


Fonte da imagem:flickr.com

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

As cauções que nos protegem e que nos assustam...


As cauções são instrumentos que nos dão apoio e que nos protegem, sejam elas de ordem moral, financeira ou profissional, desde que saibamos usá-las no momento certo.
Com esta absoluta certeza, eu me recordo de que resolvi dois processos profissionais de caução.
O primeiro deles foi representado pela custódia de títulos bancários, que serviam de caução da obra, na fase de construção do complexo cimenteiro onde eu trabalhava.
Existia um consórcio de empresas que quando contratadas, foram obrigadas em cláusula contratual, a dar garantias através de CDBs num valor altíssimo, que levariam o projeto de construção até o seu final.
Como negócios em terras inflacionárias jamais terão segurança, o consórcio alemão envolvido, não deixou por menos, exigiu que se fizessem reajustes nos termos das faturas de mão de obra na construção da fábrica.
Ameaçaram desativar as obras e assim o fizeram, interrompendo os trabalhos no canteiro de obras, deixando mais de setecentos homens sem salário, alimentação e moradia.
Foi então que o presidente do grupo empresarial em que eu trabalhava, chamou-me e disse que tínhamos que assumir a vida daqueles empregados abandonados e darmos continuidade às obras, defendendo-nos financeira e juridicamente, perante aquele grupo de gananciosos.
Com isso, acalmaríamos as manifestações que já haviam se iniciado, inclusive com ameaças de destruição da fábrica pelos trabalhadores revoltados.
Assim fizemos e conseguimos finalizar as obras, deixando de lado as imposições do grupo construtor.
Nós já estávamos trabalhando e produzindo há mais de oito anos, quando tive a lembrança de que dentro do meu cofre, existiam os tais títulos que caucionavam e garantiam a construção da fábrica até o seu final. Tomei em mãos aqueles títulos e observei que eles tinham sido emitidos por um Banco já liquidado.
Ao mesmo tempo pensei que como aquele Banco tinha sido comprado por outro, só restava a alternativa de trocá-los nesse novo Banco.
Caso isso pudesse ser concretizado, faturaríamos com o valor devidamente corrigido financeiramente.
Por sorte o Diretor Regional desse novo Banco que comprou o que emitiu as ações, era um meu amigo antigo. Expus ao mesmo toda a história, pedindo que interferisse diretamente na renovação daqueles títulos, com os valores atualizados. Assim ele fez, e conseguiu renovar por duas vezes tais garantias, porque guardava esperanças de abrirmos a Conta da Empresa no seu Banco.
Aquele valor que se quadruplicou, continuou sob a minha guarda no cofre, já que era um valor fora do caixa da Empresa.
Todo esse processo transformou-se numa ação ordinária em juízo, com tentativas até de busca e apreensão dos CDBs.
Para a satisfação de toda a Empresa, ganhamos juridicamente e sacamos, em verdade, a tal garantia, antes esquecida no fundo do meu cofre.
No entanto, para variar em questões empresariais, recebi da minha Diretoria simplesmente, o famoso “ Meus parabéns!” , pois, nem de longe, pensaram em qualquer compensação financeira, pela idéia brilhante que tive, para aumentar os recursos financeiros do Grupo.

Fonte da imagem: migalhas.com.br

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O jogo pai e a madrasta sorte



Quem realmente acredita no jogo pela sorte?O brasileiro, com certeza, acredita que num determinado dia, ao fazer aquela “fezinha”, num dos jogos da loteria da Caixa, vai faturar aquele prêmio que vai endireitar sua vida para sempre. Confesso que sou um otimista, criado de forma a pensar, que no dia seguinte, a sorte virá bater à minha porta.Quando menino, eu observava o meu pai. Um trabalhador humilde, que tinha como hábito, sempre utilizar os recursos da gorjeta que obtinha com seu trabalho, para fazer o seu jogo no “bicho”. Ele jogava com muita esperança e com muita precisão, um sistema que sempre lhe dava alguma segurança de retorno. Normalmente ele ganhava. Era difícil ver meu pai ficar triste, porque havia perdido. O jogo do bicho era de toda a confiança, e servia de distração e esperança para o trabalhador, que tinha, naquela época, poucas opções de lazer. Eu sempre assistia meu pai jogar, de uma forma, que o conduzia ao sucesso. Deitado na cama com o rádio ao lado e repetindo: - entrou uma, entrou outra,etc... Assim, vinha o ganho no jogo do bicho, e com ele, conseguiu trocar toda a mobília e utensílios da nossa casa e, às vezes, ainda pagava as despesas do meu colégio. Aquela forma de otimismo tomou conta de toda a família e fez com que diversos parentes e vizinhos, utilizando o mesmo processo de jogar do meu pai, arriscassem nos ganhos, que se tornaram quase diários, naquela Comunidade. O precioso processo de jogar do papai, contagiou minha mãe, e fez com que ela sempre, acompanhasse as extrações diárias do Jogo do Bicho, e assim também faturasse alguns trocados, sem nunca perder a esperança, de num dia poder ganhar “aquela” bolada.Vivenciei também, um lance muito curioso, de um sapateiro, que era vizinho de nossa residência, e que diariamente jogava, e já contagiado, pelo sucesso da vizinhança, ainda arriscava comprar bilhetes da loteria. No entanto, não era muito otimista, e sempre que comprava um bilhete, colava atrás da porta da sapataria, dizendo que já sabia que não ia ser sorteado. Comprava tantos bilhetes que a porta da sapataria virou um verdadeiro painel, com bilhetes colados lado a lado, uns por cima dos outros. Num determinado dia, para o cúmulo da sorte, saiu o primeiro prêmio da loteria para o sapateiro. Ficou tão apavorado por ter colado o bilhete atrás da porta e saber que as regras para o recebimento do dinheiro, tinham como principal fator, o fato do bilhete não conter nenhum rasgo ou rasura, que admitiu que não devia brincar com a sorte. Para a solução daquele problema, teve uma idéia brilhante. Pegou a chave de parafusos, arrancou a porta, e nervoso e muito cansado, foi à pé, até à agência da Caixa, com a porta nas costas, para receber o primeiro prêmio da loteria federal daquela quarta-feira. Com a constatação de tantos bilhetes ali colados, teve a credibilidade necessária para o recebimento do prêmio.Antigamente as pessoas eram quase todas humildes. A distração eram as lojas de jogo de bicho, onde a polícia fazia vista grossa e, como sempre ,recebia dos banqueiros as propinas, para a manutenção das lojas abertas. Quando prendiam o bicheiro, era para mostrar a chefia da Secretaria de Segurança, que estavam agindo contra a contravenção. Pura mentira!Sempre torcia pela minha mãe, para que ganhasse um prêmio expressivo, pois ela era uma fiel jogadora, e até o dia em que papai faleceu, era uma associada aos seus palpites. Felizmente , este prêmio veio surgir na época em que eu, que não era um jogador habitual, estava muito necessitado dele. Eu tinha sido avalista de uma operação de empréstimo bancário para que um colega de confiança, pudesse regularizar a escritura de um imóvel, que dizia a mim ter comprado. Descobri mais tarde, que havia ganho o imóvel, numa mesa de jogo. Esse meu colega, tinha o hábito de frequentar, todo final de semana, com parceiros, que eram grandes comerciantes e jogadores, casas de jogos de poquer. Após continuar jogando, pensando em ganhar mais e mais, acabou por perder o tal imóvel, e simplesmente desapareceu, deixando-me com a divida bancária, que como avalista, teria que honrar, apesar de toda a dificuldade.No dia em que minha mãe ganhou no bicho, eu já não tinha mais como renovar a tal nota promissória.E aí, vem a história da madrasta sorte. A minha mãe que deu aquela tacada e acertou na cabeça, um milhar, ficou sem o dinheiro, pois teve que cedê-lo a mim para a solução do grave problema que me afligia a cada mês, quando tinha que renovar a dívida. Apesar de tudo, ficou a mostra de que a fé e o otimismo, daquela mulher, minha mãe, teve o seu dia de consagração. Por isso afirmo que a sorte é madrasta, e necessita de muita insistência, para trazer a verdadeira sorte para junto de nós.

(Jorge Queiroz - abril/2009)

Fonte da imagem:centroliterariopiracicaba-clip.blogspot.com

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

E o inacreditável se repete naquele mesmo lugar !



Naquele mesmo lugar onde encontrei o grande mestre da Fraternidade Eclética Rosa Cruz, veio a acontecer um novo encontro, desta feita o personagem era um humilde trabalhador.Um pintor de paredes de nome curto, como todos o conheciam, o Zé.Sempre trabalhador e muito dedicado à família, era membro de uma Igreja Evangélica da Tijuca, próximo ao Morro da Formiga.Naquele homem se refletia a bondade, o interesse, a obediência aos bons princípios da forma correta de viver.No trabalho, sempre portava a sua Bíblia e quando podia, no meio dos amigos, fazia a sua pregação e seu culto ao Evangelho de Jesus.Por ser assim, o pregador era um obstinado em angariar simpatizantes e num determinado dia, ele esbarrou com um tipo diferente das suas doutrinas, mesmo o outro lado da sua religião. Um tipo abusado, que trabalhava também como prestador de serviços na oficina mecânica, e que constantemente ameaçava colegas, e se dizia Pai de Santo de um conhecido Centro Espírita de Senador Camará.O Zé, conhecedor de todas as histórias religiosas, se colocou na posição de defender o seu grupo de amigos, e disse que teria forças suficientes, para transformar o Djalma, aquele aventureiro macumbeiro, no mais novo dos fiéis da sua Igreja.Sabemos de antemão, que numa coletividade, onde se reunam pessoas de meios diferentes, podem haver desentendimentos, discórdias e brigas.Aquelas pessoas que eram normalmente catequizadas, pela pregação do Zé, transformaram aquele desejo da conversão do Djalma, num desafio religioso, e disseram ao ao Pai de Santo, da vontade de conversão, que o crente, futuramente iria fazer, para transformá-lo num dos seguidores da pregação do seu Evangelho.Aquela afirmação manifestou a ira do Pai de Santo, que na semana seguinte, colocou um “trabalho de macumba” atrás das oficinas e mandou o seguinte recado para o entusiasmado cristão evangélico: - digam a ele que eu já arriei o trabalho e que vou botar ele maluco, ele vai ter muitos problemas, podendo ficar totalmente desequilibrado.E o grupo, que era totalmente heterogêneo, e o que mais queria era ver o circo pegar fogo, foi até o Zé contar sobre o tal trabalho colocado no terreno, atrás das oficinas.E o dedicado pregador, vendo-se diante da sua primeira prova de religiosidade e crença evangélica, não vacilou, pegou sua Bíblia e dirigiu-se imediatamente para o local. Lá, começou a fazer suas orações e para configurar a falta de crença naquele “despacho, tomou nas mãos uma garrafa de cachaça, e bebeu alguns goles, despejando o restante no chão. Ao final , disse em voz alta: - Tome conta disto, meu Jesus!.Lembro-me bem, era uma sexta-feira, e terminado o expediente ele foi para casa.E pasmem, a partir de segunda-feira, o Zé nunca mais veio trabalhar, o que causou muita preocupação em todos os seus colegas, pois ele nunca fora de faltar ao serviço.Decorreram duas semanas até aparecer na firma a mulher do Zé, dizendo que ele tinhaficado totalmente maluco,razão pela qual teve que interná-lo.Todos ficaram penalizados, inclusive o proprietário da Empresa, que também era um pastor presbiteriano.Desde então, todos ficaram preocupados com a vida do Zé, mas nós só sabíamos dele, quando a mulher ia à Empresa para receber alguma ajuda financeira para os filhos pequenos e carentes do casal.Pelo sim, pelo não, naquele mesmo ponto de ônibus, onde eu encontrei, aquele grau maior da fraternidade eclética, observei que no outro lado da calçada, vinha como que tropeçando, o Zé, aquele pregador que tinha sido internado e abandonado o trabalho.Fiquei impressionado e preocupado,pois ele demonstrava estar tomado por alguma coisa estranha.Confesso que tive medo de ser identificado por ele e fiquei a observar que direção ele iria tomar.Para minha surpresa, quando ele estava exatamente na minha direção, só que do outro lado da rua, ele parou bruscamente, e fez uma reviravolta, atravessando a rua na minha direção.Chegando próximo a mim e olhando fixamente para o chão, disse : - Como vai?E eu completamente atônito, respondi que ia bem, mas que ele parecia estar completamente mudado.Indagou-me porque e eu tentei perguntar porque ele se embriagava tanto, quando levantando a cabeça, disse-me que bebia para que eu não passasse a beber.Estranhamente, deu meia volta, tornou a atravessar a rua e seguiu o seu caminho sem olhar para trás.Fiquei por demais impressionado com o quadro que havia vivido e que me deu uma série de novos conceitos de vida material e espiritual.Até hoje não esqueço aquela afirmação do Zé, que tem para mim um peso muito grande, pois acredito que tudo de mal que a bebida trouxe ao pobre José, foi definitivamente uma orientação para mim.

(Jorge Queiroz - abril/2009)

Fonte da imagem:lumini.xpg.com.br

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um testemunho internacional e de valor nacional!

Trabalhava eu, no Departamento Financeiro, como Gerente das Tesourarias de um Grupo Empresarial e jamais passaria pela minha cabeça, ser algum dia convocado, para depor diante da nossa Justiça Federal.
Mas na verdade, isso aconteceu....
Nos idos do ano de l981, estava eu em casa,num domingo, gozando do meu final de semana, quando o telefone tocou.
Para minha surpresa, estava na linha o Presidente do tal Grupo.
Atendi e notei que ele estava um pouco cuidadoso com as palavras que a mim dirigia. Como eu o conhecia muito bem , já sabia que ele não era homem de ficar dando voltas nas palavras, e que, por certo, o assunto era de suma importância para ele e para o grupo de empresas.
Lembro-me que foi taxativo, ao dizer que queria solicitar um favor, um testemunho preciso diante da Justiça Federal.
Tratava-se de um processo, que o Grupo de uma Indústria em Portugal, moveu contra a Empresa em que eu trabalhava através da Câmara de Justiça da Suíça.
Perguntou-me se aceitava ou não prestar meu testemunho, em favor da nossa Empresa. Respondi que aceitava, pois era empregado deles e vivia do salário que me pagavam ao final de cada mês, não tendo nenhum motivo para negar um pedido daqueles.
Notei que estava feliz quando me agradeceu pedindo que fizesse contato com o Departamento Jurídico no dia seguinte. Frisou ainda que o processo era complicado e teria que ser previamente estudado, alegando que o meu depoimento seria muito importante, pois a causa envolvida, tinha o seu valor inicial estimado em torno de seiscentos e cinquenta milhões de dólares. Foi bastante firme quando salientou que precisávamos ter os cuidados necessários para não perdermos aquela causa, pois ela era de vida ou de morte, para o Grupo.
Ao retornar ao trabalho, eu procurei o Departamento Jurídico, e, de posse das informações, iniciei o estudo do processo, que envolveria na Justiça Federal, detalhes sobre remessa de dinheiro externo, abono de cauções de ações ao portador junto ao Banco do Rio de Janeiro e associação de capital, junto as outras empresas do grupo.
Como se não bastasse toda aquela complicação, os advogados da empresa me entregaram um roteiro de perguntas, com cinquenta e quatro itens, que por certo, seriam feitas pelos juízes da Justiça Federal, e que deveriam ser por mim respondidas em plenário.
Eu seria a testemunha chave, uma vez que, pelo meu trabalho lá, tinha sido o autor intelectual de toda a transferência de dinheiro externo e interno do Grupo, e com o agravante, de ter sido também, o portador das cautelas de ações entre as pessoas jurídicas e físicas do Grupo, para o abono bancário. Daí em diante a minha expectativa aumentava, a cada dia, pois teria que aguardar a convocação do Superior Tribunal de Justiça Federal, indicando a data certa para prestar o meu depoimento.
E enquanto isso, a minha grande preocupação, era de convencer a Gerência do Banco Estadual a se fazer presente naquele processo, que iriam reforçar as minhas palavras em juízo.
Finalmente, eu recebi a intimação, e iniciei o estudo das perguntas que fariam parte do dossiê do Departamento Jurídico para o meu depoimento, o que realmente aconteceu, com muita naturalidade e que causou espanto aos advogados do Grupo, pela precisão e certeza, diante da banca de juízes, brasileiros e suíços, que me ouviram com muita segurança e uma aparente calma interior, com a certeza de que cada palavra ali, pronunciada, seria o espelho da verdade.
Saí do Tribunal, com a convicção de um dever cumprido e sabia de antemão, que a Empresa não perderia, e continuaria dona exclusiva do Grupo.
No entanto,depois de todo aquele sucesso, após cinco anos, eu já não era mais um funcionário da Empresa e nas vésperas do Natal do ano de l985, recebi em minha casa, uma caixa de vinhos “Periquita”, com vinte e quatro garrafas, e uma carta de agradecimentos, assinada pelo Presidente mor,que me cumprimentava pela minha interferência como testemunha do maior processo judicial, que ele tinha enfrentado no mundo inteiro.

Vejam vocês, uma caixa de vinhos português em troca de um depoimento vencedor, no valor de seiscentos e cinquenta milhões de dólares.
(Jorge Queiroz - julho/2009)
Fonte da imagem:ecoideias.com

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um nome extenso, uma sorte na vida e um grande enigma!


Hoje, falo aqui de mais um lusitano que conheci no meu extenso caminho profissional, uma figura das histórias que eu ouvia na minha infância.
Ele desembarcou no Brasil em 1976, vindo de Moçambique onde ocupava a posição de Administrador Geral dos negócios de um empresário que investia em vários ramos de atividades comerciais e industriais. Era considerado no Grupo dessa empresa portuguesa, como um dos homens mais importantes, ou seja, o braço direito do seu importante patrão. Seu nome era de impressionar a qualquer brasileiro.
Chamava-se José Luís Bobella Torres de Nogueira de Sampaio Fevereiro.
O meu primeiro encontro com esse famoso mito, foi exatamente no corredor central da administração geral das empresas do grupo.
Já tinha sido avisado da sua presença no Brasil, e de antemão, eu já sabia que viria para ocupar um cargo de destaque na Empresa,uma vez que ele tinha abandonado Moçambique, pois os revolucionários o estavam perseguindo e o ameaçavam de morte.
Fiquei, confesso, impressionadíssimo.
Ele trajava uma calça cinza, uma jaqueta também cinza, uma camisa branca, um jaquetão preto, usava um ”pince-nez” com corrente dourada e na mão direita, portava uma bengala também preta, com cabo de prata , que conforme diziam outros funcionários, era própria para bater nos maus empregados daquela nação africana.
Mas na verdade, era um enigma, teríamos que conhecê-lo aos poucos.
No dia que me fizeram a sua apresentação, êle foi taxativo: -quero ser chamado ”fevereiro” e não ”de fevereiro”,pois nasci em julho!
Pela sua idoneidade pessoal perante ao Grupo, foi nomeado Gerente Administrativo com autorização para assinar pelas Empresas com todas as características de representá-la nas Instituições Públicas e Privadas, inclusive nas Empresas de Crédito, Bancos privados e oficiais. Veio então daí, a minha primeira grande dúvida,pois como a minha função era de gerenciar todas as Tesourarias do Grupo, fui até seu gabinete e solicitei cópia do instrumento de procuração que o autorizava a assinar cheques, borderaux, requisições, autorizações etc...
Com surpresa, ouvi dele o seguinte: - oh! Sr. Queiroz! Não posso dar cópias da minha procuração. Ela é para uso exclusivo meu. Não vou entregá-la na mão de qualquer um. Lá em Portugal, todo documento fica em nosso bolso. É um documento de confiança do nosso grande Chefe.
Então eu alertei: - Sr. Fevereiro, aqui no Brasil, se não deixarmos uma cópia dessa documentação, todos os negócios financeiros ficarão paralisados. Mas como ele tinha sido muito avisado para tomar cuidado com os brasileiros, teria daí para frente a necessidade de sempre ficar com um pé atrás. E eu ainda nem tinha terminado, a conversa com ele, quando sua sala foi invadida pelo seu filho mais jovem, um menino corado de mais ou menos uns quatorze anos.Imediatamente o ouvi dizer: - até que enfim chegastes! Onde te meteste oh! Gajo?
-oh! Pai! Tu não me mandaste ao dentista? Fui lá na tal Praça Mauá.
-E porque demoraste tanto e estás tão vermelho?
-Ora pai, tu não sabes o que aconteceu? Eu ia a ”andare” pela tal praça, quando dois gajos meteram-se à minha frente com uma faca em minha barriga e tomando-me tudo e ainda por cima me deram umas tapas.
-Ora seu bobo, eu não lhe disse que tomasse cuidado,pois nessa terra, só tem gatunos e vagabundos?
E após proferir esta expressão, lembrou-se de que eu era da terra e estava presente na sala, ouvindo a conversa dele com o filho.
Aí então, foi levantando a cabeça lentamente na minha direção e fitando-me nos olhos, balbuciou entre os dentes: -Desculpe-me Sr. Queiroz, desculpe-me...
(Jorge Queiroz - julho/2010)
Fonte da imagem:lamodedemode.blogspot.com

domingo, 16 de janeiro de 2011

O primeiro fardão que encontrei na vida


Tinha eu meus quatorze anos e já me arriscava ao primeiro emprego, não sabendo que estava indo ao encontro do primeiro fardão da minha vida. Fui indicado por um amigo da família a fazer um teste no Jornal do Commércio, um tradicional matutino que já rodava em nossa Cidade há mais de cento e vinte anos. Bastante feliz com a Carteira Profissional de menor em punho, aquela de cor vermelha, aquela mesma que era fornecida aos menores de idade, fiz o meu primeiro deslocamento ao Centro da Cidade, precisamente ali na Avenida Rio Branco, esquina da Rua do Ouvidor, que naquela ocasião, representava o mais famoso Centro Comercial do Rio de Janeiro, onde eu seria entrevistado pelo Sr. Amadeu Andréa, que na época era o administrador geral do tão respeitado periódico. Fui bem atendido na entrevista e imediatamente fui contratado para a função de office-boy. Minhas funções iam desde o atendimento do telefone à ajuda na conferência e transcrição do livro caixa, controle dos assinantes do Arquivo Judiciário, revista de publicação mensal e distribuição do Código de Processo Civil e Código de Processo Penal. Também teria a responsabilidade de expedição dos periódicos mensais para todo o Brasil, através dos Correios. Deveria também fazer a entrega dos serviços de faturamento a domicílio e a datilografia de toda a correspondência, bem como o atendimento direto ao Dr. Elmano da Cruz Cardim, Diretor e Redator-chefe do Jornal. Eu ficava à disposição do seu chamado a cinquenta metros de distância do seu Gabinete, atento ao som da campainha que poderia tocar a qualquer minuto. Num determinado dia, a campainha disparou, e eu , que ainda nem o som dela conhecia, fiquei estático e pensativo sobre como seria o toque da campainha. Era de um som muito estridente, percebi quando fui alertado pela Dona Herondina, a Sub-chefe da Administração, que me passava os serviços externos, dizendo-me:- oh! Menino, a Diretoria está te chamando! Vai logo, o Dr. Cardim não gosta nada de esperar. Levantei-me correndo da cadeira e parti em direção ao Gabinete da Diretoria. Atravessei a sala da gerência, onde ficava o Dr. Romeu Ribeiro, passando pela sala de reunião e cheguei finalmente, ao Gabinete do Diretor. Ao entrar, notei que estava com a cabeça baixa e, assim permaneceu dizendo-me:- traga-me água e café para dois(ele não estava só), e tinha ao seu lado uma linda dama da sociedade, e o que mais me impressionou, foi o seu traje: Um fardão negro, bordado com galões dourados fechado na altura do queixo. Voltei correndo à administração e iniciei o preparo do café. Pensativo estava, quando a dona Herondina me falou:- tem medo de alguma coisa? Eu disse:- não senhora, me assustei com o fardão que ele veste. Aí ela disse:- nunca viu aquela roupa? Eu respondi:- não! Ela então replicou: - vá se acostumando, vez por outra ele aparece vestido assim, pois é um dos imortais da Academia Brasileira de Letras e esta não será a última vez que virá trabalhar, porque às vezes, não tem tempo de trocar de roupa vindo direto de lá. Assim fui me acostumando, e passados alguns meses, fiquei responsavél pela datilografia de toda a sua correspondência para o exterior. Ele tinha amigos em quase todas as partes mundo, e com isto o meu trabalho de menino começava a ficar muito importante.
(Jorge Queiroz - abril/2000)
Fonte da imagem:odia.terra.com.br

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Curioso, muito curioso, cadê o 2º mundo?


Vivo diariamente observando nos noticiários de jornais, revistas e televisão, a seguinte expressão, que afirma que as coisas no Brasil só acontecem, porque somos, um país do 3º mundo. E, esta afirmativa é por demais utilizada, quando a falta de emprego se apresenta, quando a saúde não é olhada com interesse, quando faltam escolas às crianças, quando a segurança fica abandonada, quando os políticos só fazem política, quando os sequestradores só são presos após o pagamento do resgate, quando os nossos padres passam a ser sucesso na música popular, quando só se aprovam leis nos recessos do Congresso, quando a poupança do povo é confiscada, quando o governo é o primeiro a aumentar os seus preços, quando a exploração do trabalho infantil se faz atuante, quando a cesta básica deixa de ser básica e quando o salário termina e o mês continua. E assim, as desculpas aparecem a cada novo dia e começamos a acusar o FMI. Falamos dos países do primeiro mundo, porque os americanos são uns filhos disso e daquilo, porque os ingleses são monarquistas, os italianos são faxistas, porque os franceses são elitizados e os japoneses exploradores do ser humano. Bolas!... Se pelo que sabemos, o primeiro mundo, é poderoso e explorador e o terceiro mundo é fraco, endividado e sem alternativas, eu gostaria muito de saber, como é o segundo mundo, que ninguém fala dele... Mas pelo que vejo, deve ser o Céu e quero clamar aqui à nossa mídia que faça um estudo prolongado a respeito deste novo mundo: - o segundo mundo, que muito tem despertado a minha curiosidade. Deixem de falar do primeiro e do terceiro, pois acho, que a nossa salvação deve estar no segundo ou quarto mundo, que até agora é para nós um mundo desconhecido. E em razão disto, eu peço: - mandem até este mundo desconhecido, aquele repórter , o Roberto Cabrini, aquele mesmo da câmera indiscreta, para fazer uma reportagem ao vivo neste tão desconhecido segundo mundo, que ninguém fala dele e nem mostra nada dele, mas que deve ser maravilhoso!
(Jorge Queiroz - abril/2000)
Fonte da imagem:
astronomiahoje.blogspot.com

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O inacreditável

Já faz muitos anos quando eu me deslocava para casa e a noite já avançava para um novo dia. Encontrava-me numa parada de ônibus e aguardava um coletivo para o bairro onde morava. Cansado de um dia desgastante de trabalho, estava atento à chegada do coletivo, quando fui surpreendido por uma voz que perguntava, num tom forte, quem era o espírito de luz que se encontrava próximo a ele. Olhei para o lado direito e verifiquei a presença de um senhor de altura mediana, bem trajado com terno e gravata e que na mão possuía uma bengala de alumínio dobrável. Aí então, percebi ser o referido senhor, um deficiente visual. Tomado de coragem, perguntei se estava falando comigo. Ele respondeu que sim, pois só estávamos os dois naquela parada. Pediu que eu chegasse mais perto. Eu, muito desconfiado, me aproximei quando ele completou que estávamos indo na mesma direção. Confirmava que eu ia para uma estação antes da dele. Muito surpreso, perguntei como ele sabia tudo o que disse, se sequer me conhecia, além de não enxergar, ao que retrucou, dizendo saber e sentir tudo. Prosseguiu, falando que chegou ao Rio naquele mesmo dia pela manhã, para atender a dois “irmãos” , um no bairro do Grajaú, onde já havia estado, e outro no bairro da Penha, para onde estava seguindo naquele momento. Nada melhor do que irmos juntos no mesmo coletivo, conversando, disse ele tranquilamente. Eu então, ainda curioso, concordei. Finalmente o ônibus chegou, e nós dois embarcamos. Deixei que ele sentasse perto da janela e fiquei atento a tudo o que me dizia. Para minha tranqüilidade , ele iniciou a narrativa dizendo ser o mais alto grau da Fraternidade Eclética Rosa Cruz e que estava numa missão de cura. Já tinha realizado a primeira e se deslocava para realizar a segunda. Informou-me também, que residia no Paraná. Eu, muito preocupado, perguntei se ele não desejava que o acompanhasse até à residência daquele irmão na Penha ao que respondeu, prontamente, que não seria necessário , pois estava ligado mentalmente no caminho certo da casa para onde iria, visto que o beneficiado com a sua visita estava em plena sintonia com ele. Reafirmou que não existia nenhum perigo de ir só e chegar até lá. Continuou descrevendo a sua seita e disse, que talvez eu fosse um dos deles, mas para saber, necessitava levar meu nome para uma reunião entre todos os conselheiros, e submetê-lo a um profundo exame, para posteriormente me informar. Mas mesmo, com uma resposta positiva, disse-me que eu deveria receber uma proposta para preenchimento, mas que só poderia realmente devolvê-la preenchida, no momento em que me achasse absolutamente desobrigado de qualquer tipo de vida material, pois só assim, seria um deles. Nesse momento, quis pegar uma folha de papel para anotar todos os meus dados pessoais, e ele então me surpreendeu mais uma vez, dizendo não haver necessidade, pois gravaria tudo na memória. Assim eu fiz, informando dado a dado, paulatinamente, e me despedi pois já havia chegado a hora de descer do ônibus. Segui para casa quase paralisado , meio que tonto, meio abobalhado, com tudo o que havia vivenciado. Pensei com os meus botões, se aquela resposta chegaria mesmo, pois não passei nada do que disse por escrito. E pasmem! Seis meses depois do ocorrido, recebi em casa a tal proposta para preenchimento, e livros correspondentes a estudo das indicações de todas as personalidades que ao esoterismo estão vinculadas. Confesso que preenchi a tal proposta, mas até hoje, passados mais de trinta anos, não tive coragem de enviá-la.

(Jorge Queiroz - novembro de 2009)

Fonte da imagem:overmundo.com.br

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Humberto Cidade



Figura simpática, extrovertida, tipo diferente, o Sr. Humberto Cidade. Criativo homem de negócios, não conhecido nos meios sociais e raramente falado na Imprensa Brasileira, mas em compensação, o seu rastro de criatividade influi até hoje diretamente na vida de grande número de brasileiros, porque foi o criador dos Volantes para os sorteios de todos os jogos da Loteria implantados pela Caixa Econômica Federal desde a década de 1970. Conheci essa grande figura na década de 1980,quando me foi apresentado com a finalidade de negociar com o meu patrão. Seu objetivo era marcar uma reunião para mostrar um dossier, que envolvia a venda de uma Cidade inteira do Estado de Minas Gerais, cujos poderes eram dados por um Instrumento de Procuração, passado pela Prefeitura do Município de Mariana. Tinha conhecido o referido senhor somente há quinze dias e tinha sido o primeiro a contemplar o tal dossier , com muitas dúvidas se poderia confiar no que tinha visto. Ele representava o espelho de uma Cidade que seria instrumento de venda de uma Usina de Ouro, das Escolas, de todos os prédios públicos e até mesmo da própria Igreja com padre e tudo. Mas como homem já experiente, analisei friamente todos os documentos e passei ao Sr. Cidade a idéia de que a argumentação daquele encontro e a iniciativa ficaria totalmente a cargo do staff da nossa Empresa, por mais que o interesse de compra se manifestasse, pela inclusão da mina de ouro, o ponto crítico que por certo influenciaria na negociação. Uma vez que qualquer lusitano que se preza olha para o ouro com o olhar do nobre Cabral, o nosso descobridor, ainda assim, deixei bem claro, que o meu patrão não era ingênuo e jamais compraria gato por lebre. Finalmente o referido encontro aconteceu, e fiquei sabendo que o negócio era inviável, além de pasmo em saber que as providências de análise , perfeitas, constaram de um levantamento aero-fotográfico, de toda a região onde se situava a mina de ouro e que foi pesquisado todo o equipamento de extração e maquinário pesado, cujo laudo deixou bem claro que todo aquele complexo industrial, estava totalmente sucateado. Para complicar mais ainda qualquer possibilidade de negócio, ficou comprovado que toda a população da Cidade era de ex-empregados da Usina, e já credores, num processo de falência de milhares de ações trabalhistas que teriam movido contra a referida Usina de Ouro. Mesmo assim, continuei intrigado no aspecto de saber, o porque do envolvimento do Sr. Humberto Cidade, numa negociata aquele tipo, pois era reconhecidamente um sujeito rico por receber direitos de autoria da Caixa Econômica Federal, de cerca de milhões, pela patente inventiva dos volantes de todos os jogos da loteria. Finalmente apurei que ele se apresentava como dono da referida Cidade, mas na verdade, era um simples procurador do Município e tinha se comprometido em juízo que liquidaria com os problemas que envolviam aquela região há mais de vinte anos. A Empresa não concretizou o negócio, mas conheci um negociante por demais interessante!

(Jorge Queiroz - julho/2010)

Fonte da imagem:mascotedino.blogspot.com

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Carlos Gomes Calcado

Cidadão mineiro de Sete Lagoas, era Diretor de Banco, de fina educação, bem relacionado, filho de fazendeiro que, comigo, mantinha um interesse de relacionamento profissional, como garantia de bom entendimento na conta bancária que eu comandava aqui no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Diariamente me procurava para oferecer serviços do Banco, para manutenção de uma parceria com fundamentos comerciais, uma vez que era a única Instituição Financeira com agência naquela Cidade. Por esse motivo havia sido contemplada com um posto avançado dentro da Fábrica, onde eu trabalhava. O que sempre fez com que eu utilizasse os serviços do Banco, foi a cordialidade de negócios e praticidade que era dada as operações comerciais que a nossa Empresa necessitava, como o financiamento das folhas de pagamento dos funcionários, empréstimos pessoais para os trabalhadores, financiamentos do Finame e encaminhamento de outros negócios através de uma Financeira, dirigida pelo seu irmão. Era um contador de estórias e a mais interessante que me narrou foi, como ele mesmo dizia, a mais importante de sua vida.Mesmo sendo filho de um rico fazendeiro de gado leiteiro, ele construiu sua vida com o seu próprio trabalho e tudo que possuía era fruto de seu esforço pessoal. Seu pai, como ajuda inicial de vida, deu-lhe um caminhão cheio de, aproximadamente, vinte mil quilos de queijo minas frescal, dizendo-lhe: - esta é a ajuda que lhe dou o resto é contigo. Vai em frente! Carlos Calcado estremeceu e pensou que deveria trabalhar com muito cuidado para fazer daquela carga o seu futuro. Juntou mala de roupas, pediu a benção aos pais e partiu em direção ao Rio de Janeiro. No caminho, tentava vender os queijos nos mercados, restaurantes, bares, etc..., pois como era produto perecível tinha que ser vendido rapidamente. A dificuldade era grande, pois só podia vender à vista e ninguém se dispunha a pagar, visto que todo o comércio já tinha seus fornecedores que faturavam a mercadoria. O medo começou a atormentá-lo e tinha a certeza de que perderia todo o queijo. Foi então que uma sábia idéia acercou-se de sua mente: iria trocar o seu queijo por produtos não perecíveis como fumo de rolo, caixas de charuto, cigarros, material escolar, papel para embrulho. A idéia foi totalmente aceitável nos pequenos mercados e, assim, pode continuar sua viagem de mascate sem qualquer receio de perder a sua carga. Quando chegou ao Rio de Janeiro, já havia conseguido vender ou trocar quase todos os produtos , obtendo dinheiro para abrir seu próprio negócio. Hoje, sei que ele voltou a ser fazendeiro em Sete Lagoas, porque o Banco em que era sócio-diretor sofreu intervenção do Banco Central. Sabe-se que, homem criativo, produz “humos” para a agricultura, criadores de minhocas e ainda presta assessoria a diversas empresas de agropecuária.
(Jorge Queiroz agosto/2010)
Fonte da imagem:fabioalancerqueira.blogspot.com

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O serviço público, uma incerteza


O nosso desalmado serviço público fornece ao povo e às instituições a insegurança e deixa de dar garantias àqueles que fazem uso das suas operações. O funcionamento da máquina de governo foi prejudicado e sempre deixou transparecer a incerteza e a insegurança. As medidas da privatização do nosso governo, custaram muito a surgir, pois já deveriam ter sido tomadas há bastante tempo. O meu testemunho foi como usuário e está relacionado à utilização das ferrovias no Brasil. Quando trabalhei na Indústria Cimenteira, tive que fazer uso do sistema de transporte ferroviário,pois a fábrica foi implantada no Município de Vespasiano a setenta quilômetros de Belo Horizonte. Teríamos a necessidade da utilização desse meio, para abastecimento dos terminais de ensacamento em São Miguel Paulista, SP e Praia Formosa, RJ e para isto fizemos os necessários contatos burocráticos para oficialização do uso dos armazéns, onde obrigatoriamente guardaríamos os sacos de cimento, sob o pagamento de uma taxa de capatazia, mensalmente estipulada em contrato. A Indústria era a mais nova no mercado e oriunda de tecnologia européia e, portanto, não conhecedora do jeitinho brasileiro. Foi consultada pelos líderes e chefes de estação nos percursos BH/RIO e BH/SP, quanto seria acrescido de gratificação para cada um deles nos carregamentos de cimento para cada vagão despachado. Ficamos devidamente indignados, mas fomos obrigados a levar ao conhecimento da Diretoria Comercial aquela proposta indecente. A Chefia se negou a aceitar tal pedido e disse que nas principais Cidades do mundo jamais tinham tido esse tipo de problema e autorizou os nossos departamentos a iniciarem o trabalho de expedição, a nível de Brasil, correndo os riscos graves da dominante corrupção. E que riscos!... No primeiro despacho, preparou-se uma carga de vinte e seis vagões lotados de cimento com destino ao terminal de Praia Formosa no Rio de Janeiro e os vagões realmente saíram de Vespasiano, mas aqui no Rio de Janeiro, simplesmente não chegaram. Foram desviados em Santos Dumont e ficaram escondidos num atalho da linha férrea sem nenhuma segurança. Para indignação da Diretoria da Empresa, teve-se que negociar a tal gratificação, por fora, para que se pudesse restabelecer a normalização dos serviços de transportes que seriam feitos pela ferrovia em questão. Quanta vergonha nós brasileiros sentimos, trabalhando para aquele grupo estrangeiro, em relação ao incidente do desaparecimento do primeiro comboio de cimento que a fábrica estava comercializando. E, finalmente, para acabar definitivamente com esse problema que afetaria os custos de venda, a tal Indústria foi obrigada a optar pela montagem de terminais de ensacamento em todas as Cidades onde tinha instalado seus escritórios comerciais. Após aproximadamente um ano, as coisas ficaram mais controladas, porque todo o transporte de cimento passou a ser feito em vagões graneleiros da própria Empresa em condições técnicas especiais para ensacamento em principais pontos de venda. Esse episódio foi o primeiro dos inúmeros que ainda iriam surgir em nossas diferentes áreas de trabalho. Habitualmente ouvíamos de nossos patrões comentários de que o nosso país era uma brincadeira e que o Charles de Gaulle estava coberto de razões em suas considerações sobre o Brasil. Ainda tivemos que considerar que a empresa para a realização de tal obra, foi vítima de um investimento da ordem de vinte milhões de dólares para a montagem das estruturas de três novos terminais de ensacamento.
(Jorge Queiroz -abril/2009)
Fonte da imagem:estou-sem.blogspot.com

domingo, 9 de janeiro de 2011

O Brasil que não desenvolve e não deixa desenvolver

Acredito que as regras do nosso país precisam ser revistas,pois os aspectos do desenvolvimento deveriam ser olhados com mais seriedade.Quem sabe a política da privatização chegou um pouco tarde.O brasileiro não está acostumado as novas regras e não é só o povo que mal orientado fica pessimista, mas também, os nossos dirigentes.Daí vem a minha indignação.Assisti na década de 1980 a um fato muito constrangedor para um industrial muito famoso e bem intencionado e hoje ainda, vivenciamos casos similares.Esse empresário já estava instalado no Brasil como industrial e fazendeiro desde a década de 1970 e como criador de gado leiteiro, queria aumentar a produtividade e diversificar a raça do seu rebanho.Por iniciativa própria, comprou na Inglaterra a peso de ouro, semen de touro girolês, pagando uma alta quantia em libras esterlinas e mandou embalar em cápsulas protegidas por hidrogênio e enviou, via aérea, para o Rio de Janeiro.Para sua estranheza, a carga foi apreendida no aeroporto internacional, pois os despachantes oficiais informaram que o referido semen não poderia ser trazido,pois era contra a lei brasileira. Ele, muito surpreso, solicitou que eu resolvesse o problema.Iniciei então, o processo de normalização para retirada da carga do aeroporto, pois eu era o encarregado das importações e exportações do grupo.Lògicamente, esse processo seria vagaroso, pois existia um impasse diante da lei brasileira.Após decorridos quinze dias, comecei a ter notícias de que as coisas seriam resolvidas. Assim sendo, procurei a chefia e falei dos novos caminhos para desembaraçar a carga.Aí então , ele me falou, que havia passado um fax ao Ministro da Agricultura e estava aguardando uma resposta positiva. Decorridos trinta dias, chegou a resposta do Sr. Ministro: * mandei incinerar a sua carga, pois ela não era compatível com as leis brasileiras *Então só me restou falar:- Viva o Brasil !Ainda, com a idéia fixa em aumentar a expectativa de bom criador, resolveu comprar as ovelhas tipo dolly, que fornecem excelente lã e uma ótima carne.Adquiriu lá na Inglaterra um casal desse tipo de ovelhas e como tudo dele funcionava a toque de caixa, embarcou as bichinhas para o Brasil, devidamente licenciadas e vacinadas.A sua satisfação aumentou, pois não encontrou nenhuma dificuldade nesse processo.Finalmente recebia no aeroporto internacional a liberação das bichinhas para levar para a sua fazenda no Brasil.Ao desembarcar no pasto, foi surpreendido pela ação rápida do seu cão fila brasileiro, que imediatamente atacou o macho do casal de ovelhas e lhe devorou os dois testículos.Que falta de sorte!!!
Chego a conclusão de que o Brasil não tem mesmo sorte e até os nossos animais são contrários a nossa globalização...
(Jorge Queiroz - abril/2009)
Fonte da imagem:elacerdapaulo.blogspot.com

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O “O JORNAL”, um periódico que não sobreviveu às pressões da queda da ditadura de VARGAS.


Falo aqui de um grande Jornal que, durante muitos anos, foi olhado pelo povo com grande simpatia.
Tinha leitores expressivos a cada novo final de semana, participava da vida pública e social do Estado do Rio de Janeiro.
Quem não se lembra do famoso O JORNAL, que nos dava boa leitura e entretenimento, mas por ser o diário que se fazia sempre presente nas lutas do nosso povo, foi eliminado e tirado de circulação, por ocasião da revolução de 1964.
Ainda me lembro bem, que por ocasião do nascimento do meu filho mais velho, eu acompanhava com fotos o seu crescimento.
As fotos, naquela época, há uns cinqüenta anos atrás, não eram de boa qualidade.
Devido a diversidade daquele jornal, num determinado dia, eu fiz um pedido a uma de suas colunas especializadas no assunto, que exibia fotos de crianças a cada final de semana, para colocar a foto do meu filho.
Como me foi solicitado, enviei uma foto dele, tirada aos oito meses, totalmente despido, aproveitando a “frescata do verão carioca”.
Como aquela fotografia, era filha única de uma edição, disputada “a tapas” pelos avós, o fato de eu tê-la mandado para o jornal, gerou uma desagradável discussão em família, pois não tive nenhuma manifestação confirmada pela seção do jornal, onde deveria sair publicada a tal foto.
Minha sogra, que alegava que eu era muito exibido, firmava com bastante convicção, que eu perderia a foto do seu neto.
Lembro-me que diante de tanta polêmica, pude mostrar para ela que o departamento de redação daquele tão importante diário, após meu contato com o redator chefe do jornal, atendeu o meu pedido.
Na semana seguinte, a foto do meu filho foi publicada e eu, vitorioso, pude adquirir dez exemplares e levar bem contente para toda a família.
(Jorge Queiroz - março/2010)
Fonte da imagem:blogdodepaula.blogspot.com

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O brasileiro, o povo mais político do mundo !


Muito bom se pensarmos assim. O brasileiro é bem situado como político, mas infelizmente chegamos à conclusão de que o Brasil, por ser um país continental e litorâneo, custou muito a exercitar a sua forma de fazer política. Até hoje as nossas praias vivem cheias, e sòmente agora, estamos descobrindo que a nossa vocação é o Turismo! O nosso Congresso demonstra esse fato com certeza, pois quase todas as quintas-feiras, as malas dos nossos brasileiros já são embarcadas nos aviões, rumo às praias, haja ou não, algum projeto importante a ser votado. O brasileiro gosta de errar nas eleições, para poder manter sempre aceso o clima das discussões políticas. O mesmo eleitor que se empenhou numa luta diária para a reeleição do FHC, ficou totalmente ligado a campanha que demonstrava a insatisfação com a nova postura do Presidente. Hoje já se diz, que êle escondeu a crise, não cuidou do desemprego, foi submisso ao FMI ( fazia m...internacional), e hoje diz que o Itamar pobre coitado, teve muita razão e que o seu grande erro foi abrir as importações, que assassinaram a nossa produção. Eu confesso, sou eleitor desde 1952 e na minha visão, só assisti a erros de eleição. A única politicamente correta desde então, foi a que levou ao poder o Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira. Daí para frente, tudo errado. Logo a seguir, colocaram um louco no poder e até sua própria filha, mais tarde, fez inúmeras considerações, e foi tida como louca... Pobre TUTU, foi até internada pelo próprio pai. Conhecido como o homem da vassoura que iria acertar a área pública, teve seus primeiros decretos perturbando o sono dos anjos. Pasmem!... Proibiu a briga de galo, o uso do biquíni, o terno e gravata no palácio, a corrida de cavalos e o uso da mini-saia. Tudo isto, esquecendo do desenvolvimento que havia sido retomado pelo Presidente que saía enaltecido pelas grandes idéias no campo de transformação do país, numa potência industrial. Esse, saiu do governo nove meses depois, alegando a atuação de forças ocultas, até hoje não reveladas. Aí então, entramos no processo que até hoje nos maltrata. A não aceitação do seu substituto, o Dr. João Goulart, trouxe ao poder a ditadura militar, que já pairava na cabeça dos Coronéis, como verifiquei dentro da própria Caserna, quando estagiário,quando antes da posse do Dr. Juscelino, eu recebi um convite para participar dentro do quartel onde servia, de um abaixo assinado, que impedisse a posse da sua eleição, para mim, limpa de critérios. E daí em diante, a luta política se voltou para dar fim a tal ditadura. No entanto, se observarmos bem, a ditadura não terminou aqui no Brasil, ela vestiu uma nova capa, a do socialismo moreno. Os jornais não nos deixam mentir, tudo que se diz hoje, será o mesmo que se dirá amanhã. Vamos orar e pedir a Deus, que ele não deixe o Brasil acabar, porque o nosso País é tão grande, tão futuro, tão passado, que temos que lutar muito, para chegarmos ao presente - o presente com empregos, com saúde, com escolas, com segurança, com projetos, com crescimento, com privatização técnica - e sem mentiras. Com a fidelidade partidária, sem a corrupção, sem o despotismo, sem o contrabando, sem as denúncias infundadas e sem os privilégios, com uma justiça limpa e um poder judiciário que apóie o povo. Única razão da existência da esperança de chegarmos ao topo, na relação dos países considerados de primeiro mundo. Abandonemos a idéia de uma moeda forte, com uma economia fraca. Pensemos que o maior celeiro do mundo, em condições climáticas, é o nosso! Temos a maior disponibilidade de terras, em extensão territorial útil, com hidrovias naturais não aproveitadas e com ferrovias sucateadas. Se pensarmos que o maior país se chama BRASIL, só nos restará consertar isso! O nosso lema de crescimento, vem há muito tempo errado. O princípio básico da economia é capital e trabalho, e não como a maioria dos nossos ministros pensam, o Trabalho do Capital!

Hoje, temos no poder uma mãe e avó. Vamos aguardar!

(Jorge Queiroz - setembro/2009)

Fonte da imagem:baixaki.com.br

O mundo vai virar

Eu sempre pensei que um dia, o mundo ia virar, mas como isso poderia acontecer? A semente da humanidade foi plantada no Oriente, as maiores e mais antigas civilizações estavam alí fixadas, e por alí aconteceram as grandes descobertas. No entanto, o espírito aventureiro do homem, a força da sua ambição em obter além do que possuía, fêz este mesmo homem sair em busca de novos horizontes e novas conquistas. Hoje,decorrente dessa força, acontecem as coisas no Oriente e o restante do mundo se apavora. A Russia, a China e o Japão jogam o desespero nas bolsas internacionais, e nós, pobres cristãos, ficamos sem saber o que poderá ocorrer com o resto do mundo, onde estamos incluidos. Que fantástico o nosso caminho da globalização: ter ciência dos rombos financeiros do mercado mundial via Internet, sentir no rosto de cada operador da Bolsa, o desconforto da perda, sentir o desespero dos financistas e empresários e vê-los com aquele olhar tenso, aquela esperança de uma reviravolta, sem dúvida, é inacreditável... E como devem estar as UTI’S dos principais hospitais que cuidam da saúde desses profissionais, pelo mundo afora ? Trabalhar com dinheiro é terrível! Controlar dívidas caseiras já é um transtorno, muito pior, fazer lances da expressão real da dívida externa de um país, que até poderá atingir uma moratória. A minha experiência na área financeira é exatamente contrária a fase que o brasileiro atravessa hoje. Participei desse mercado, nas décadas de 70 e 80, quando o espírito dos nossos dirigentes era mais otimista. Otimismo talvez gerado pela forma como a política econômica encaminhava as coisas,ou seja, “com a barriga”. Sempre se resolviam dívidas com novas dívidas. Aprendi que o dinheiro tinha um preço a cada dia da semana. Na 2ª feira valia menos, na 3ª feira um pouco mais, na 4ª feira começava a aumentar um pouco mais e na 5ª feira tinha o seu mais alto preço, porque todas as operações financeiras deveriam estar concluídas até 6ª feira. Nesse ponto , o dinheiro barateava, porque iria “dormir” na conta bancária no final da semana. Hoje, fico louco, nosso dinheiro tem sempre o mesmo valor e as coisas não param de subir. De que adianta a moeda ser forte se ela vive trancada nos cofres dos bancos internacionais? Atualmente somos de primeiro mundo em valor de moeda, mas em compensação, somos os últimos do mundo em balança comercial. Nada produzimos e ficamos na expectativa de rever o básico da economia brasileira deslanchar, confirmando que o seu princípio mecânico tem que ser de “capital e trabalho”, e não de “trabalho do capital”. Vamos clamar aos nossos dirigentes que criem trabalho, que ganhem os mercados de exportação, que equilibrem a nossa balança comercial. Temos, necessariamente que ser um país ativo e não um “país passivo”, anterior à era da informática. Naquele tempo, os nossos contabilistas possuiam menos recursos para identificar a futura falência de um negócio. Normalmente êles chegavam até o proprietário e sócio e com um livro de 500 folhas na mão entre débitos e créditos, falavam entre os dentes, quase sussurando que a Empresa tinha falido, o que na maioria das vezes era confirmado pelo empresário. Nos tempos atuais as condições são totalmente diversas, temos como planejar, trabalhar, revisar e poupar. Não podemos esquecer,que o Dr. Enéas podia parecer um louco quando dizia que as nossas reservas eram infinitas,mas nessa hora o nosso presidente deveria fazer das palavras do Dr. Enéas as suas. Sem dúvida, estaria fortalecendo um novo refrão, em substituição aquele já consagrado bordão do nosso povo : -“ Eu tô maluco, ah! Eu tô maluco”, que o brasileiro grita quase diariamente, em busca da solução dos problemas de vida no nosso grande e glorioso país.
(Jorge Queiroz - abril/2000)
Fonte da imagem:semnocaosn.forumeiros.com

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Brasil, um país contraditório!


Assisto rotineiramente a programas de entrevistas, pois tenho o maior interesse no conceito das coisas que envolvem a política.
A cada final de semana, principalmente aos domingos, gosto de assistir programas de entrevistas nas TVs a cabo, sob o comando de inteligentes jornalistas.
Ainda assim, dou uma passada por programas da TV aberta que retratam temas idênticos.
Normalmente, por se tratarem de programas previamente gravados, ora sim, ora não, venho verificando que as mesmas pessoas, estão se apresentando simultaneamente em duas entrevistas de televisão diferentes, uma com fundamento de debate e a outra dentro do fundamento de entrevistas, e logicamente em canais diferentes.
Naquele domingo, observei que a entrevista do Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, era feita por uma bancada de personalidades, e entre elas, estava presente o Presidente do Sindicar, que fazia observações precisas do mau desempenho das nossas polícias e analisava com números de estatísticas, que o roubo de veículos oficialmente informado pelas seguradoras, atingia a quarenta mil e tal, levantamento que não incluía os carros roubados e não segurados, e que se assim fosse, a informação seria aumentada em mais cento e quarenta mil unidades.
Lamentável a afirmação, que nos deixa traumatizados com número tão assustador, que serve de alerta ao novo Secretário de Segurança, que se baseando em estudos já feitos, veio a afirmar, que o roubo de veículos, os assaltos, os latrocínios, estão diretamente ligados ao tráfico de drogas.
Mas achei falha uma informação complementar, em que ele dizia que o uso de drogas, tinha se iniciado há vinte anos atrás , no Rio de Janeiro.
Eu devo afirmar com absoluta certeza de que ele já existe, desde a década de 1950, quando passei em estágio pelas Forças Armadas e lá presenciei a prisão de um traficante, que existia no subúrbio de Magalhães Bastos o famoso Genésio! O Genésio respondia a um processo pela morte de dois soldados do regimento, numa birosca, o que com certeza me faz afirmar, que o tráfico já existe há mais de quarenta anos.
Em complemento ainda posso afirmar, que existe uma informação ,em paralelo, de roubos de carros, que na realidade não aconteceram, mas sim o tal roubo, assim classificado, envolve uma outra operação de fraude, que está ligada diretamente a pessoas do ramo segurador, corretores, inspetores etc., aqueles que fazem convites a determinados proprietários de carros, usuários de seguro, para simularem um sumiço do veículo, chegando as vezes às vias de fato, a enterrar o tal veículo para garantir o pagamento da indenização do seguro, assim como também, após o pagamento, ainda desenterram o tal carro e vendem suas peças no desmanche. Achei que nesses programas, as coisas se misturam, pois o mesmo Presidente do Sindicar, promovia um debate em outro canal entrevistando o Secretário de Finanças do Estado. Concordo que esse entrevistador possua gabarito para assuntos diferentes, mas não concordo que ele só tenha aparecido, após a eleição do novo Governo.
Será que o roubo dos cento e noventa mil veículos ocorreram nos sessenta dias do mandato do atual governador,agora empossado ? Claro que não !
(Jorge Queiroz - novembro/2009)
Fonte da imagem:agendasustentavel.com.br

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Brasil tem jeito !


Quanto susto, quanta indignação, quanta descrença, mas, mesmo assim, vou continuar dizendo :o Brasil tem jeito, sim! Do meu pai, recebi conselhos importantes e assustadores,pois êle tentava me aproximar das verdades que a vida esconde . Quando ainda menino eu lhe perguntei, porque não contribuia para o INPS, êle foi claro e objetivo, respondendo: -- filho, isso aí vai ser um saco de gatos e eu não posso ser roubado, ganho muito pouco e trabalho muito, e a lei não obriga ninguém a contribuir. Hoje , decorridos tantos anos, eu descobri a verdade daquelas palavras. E mais adiante, em outra oportunidade, êle me conduziu até o Centro da Cidade, mais precisamente no Morro do Castelo, indicando uma barraca de lona cercada por uma longa fila de pessoas. Disse, então: - você esta vendo aquela barraca? Ali funciona a tenda dos sonhos, ela pertence a um chinês, êle usa droga injetável, conhecida como ópio e cobra dos menos informados, os pobres brasileiros, a quantia de cinco mil réis, pois alí, vende o vício. Tudo isso acontecia a céu aberto.Prosseguindo, ia me alertando e falava: - não aceite nada das mãos de ninguém, nem um cigarro que seja. Estes dois alertas, foram os primeiros da minha vida, um com referência a vida pública, à corrupção, e outro relativo a vida pessoal, o vício , que já se implantava no Rio de Janeiro, pela atuação daquele traficante internacional.Hoje, eu fico intranquilo com a posição das nossas autoridades, que falam de tudo isso, como se fosse um fato novo. Fraudar a previdência social é um fato novo aos olhos do noticiário de TV. O crime organizado, é oriundo do jagunço, o jagunço é obra dos antigos coronéis, os coronéis são os antigos donos de terras e engenhos, que foram nomeados na época das capitanias. As capitanias foram doações do tempo do nosso Império, portanto a quem acusar ? Só nos resta dizer que o culpado foi o nosso primeiro Imperador , o jovem mancebo português D.Pedro I ... Nos dias de hoje, não adianta ficarmos pensando em procurar um culpado, mas sim, pegarmos pela mão nossos filhos e, a exemplo de nossos pais, exibirmos diariamente para êles, onde ficam todos os locais criminosos, evitando assim ,que o nosso Imperador, forme novas capitanias e por sua vez, surjam novos coronéis para delegar poderes aos novos jagunços, que com certeza, irão sustentar para sempre, a violência que reside entre nós.Nosso país, é rico e saudavél , e posso afirmar: - é a maior Nação do mundo ! Por isso temos a obrigação de sermos o povo mais vigilante, o mais dedicado, o mais investigador. Aí, sim ! 0 Brasil terá jeito , sim ! E para sempre !
(Jorge Queiroz - abril/2010)
Fonte da imagem:blueblogger.zip.net