Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

E o Oswaldo, hem ?

Num determinado dia, recebi uma solicitação de minha mãe, e pela importância e as condições de saúde dela na época, jamais poderia negar. Pediu-me que tratasse da transferência,por instrumento de procuração, junto ao INSS, para a partir daquele momento , ficar responsável, pelo recebimento de sua pensão. Mesmo reconhecendo ser aquele Órgão, um dos mais complicados da área de serviços públicos, não me intimidei e fui até o posto da Praça Panamericana, lá na Penha, para cuidar da tal transferência, diminuindo assim o sofrimento da minha mãe. Em lá chegando, pude logo observar, uma longa fila, fazendo voltas, em torno da tal Praça. Dirigi-me assim para o seu final, tomando informações com outras pessoas. Soube então, que era uma fila única de atendimento. Mesmo assim, na fila eu permaneci, e fiquei imaginando, como sofremos nas mãos de um serviço público tão complicado. Sabia de antemão, que levaria no mínimo duas horas para chegar até o balcão de atendimentos. E para surpresa minha, após muita paciência, eu conseguia chegar a porta do posto, quando reparei que no vidro blindex da tal porta, estava pregado um aviso com instruções administrativas de funcionamento. Nele para meu espanto, estava escrito, “só fornecemos procurações no período compreendido entre os dias l6 e 20 de cada mês”. Consultando o calendário, observei, que o dia por mim escolhido, era exatamente o dia 2l,e, assim sendo, eu teria que retornar no dia l6 do mês seguinte. Incomodado com o fato de ter largado o trabalho, gasto dinheiro de táxi, aguardado mais de duas horas na fila, e ter que voltar sem solução, decidi ir direto ao balcão e solicitar a tal procuração. No balcão, esbarrei com uma funcionária, com ar de superioridade, que foi logo me dizendo, não ser o dia de fornecerem procurações. Afirmei que só sairia de lá com a procuração e ela retrucou que não poderia me atender, pois o aviso da chefia, estava colocado no vidro. Enfatizou que não adiantaria eu insistir, porque ordem era ordem ! Já nervoso e achando estar diante de um dos maiores absurdos administrativos, retruquei, que queria a minha procuração, senão eu arrancaria aquele tal cartaz, e levá-lo-ia comigo. Naquele momento o guarda, segurança do posto, se aproximou e disse que eu não poderia fazer aquilo. Respondendo que ainda não estava falando com ele, pedi para falar com a chefia e então a funcionária do atendimento, virou a cabeça para o fundo do escritório, e gritou: - OH! Oswaldooooo! tem um senhor aqui que quer falar contigo. O Oswaldo, que ocupava uma mesa no fundo do escritório, respondeu, olhando por cima do seus óculos. E lá veio o Oswaldo, indagando o que eu desejava dele. Repeti , secamente, que era uma procuração de minha mãe para mim. Perguntou, então, se eu já tinha lido o aviso ao lado.Mais uma vez respondi que havia lido e não concordado. Audaciosamente, perguntou quais eram as minhas credenciais, ao que enumerei ser brasileiro, reservista, eleitor, vacinado, e acho que chega para receber a tal procuração. Disse , novamente, que estava fora do dia. Retrucando que aquela afirmação era vergonhosa, pois não poderia ser fixado dia para aquele atendimento, voltei a frisar que só sairia de lá com a procuração e, caso contrário, levaria a tal instrução normativa do posto . Para minha surpresa, indicando-me uma porta escondida, ele falou baixinho no meu ouvido, que ia mandar preparar a procuração. Entrei e cinco minutos depois, estava com a tal procuração nas mãos, e com um detalhe, sem data de validade, e via o tal senhor Oswaldo, que saía correndo com a sua maleta 007, abandonando o posto, porque as outras pessoas que ouviram o meu diálogo com ele, já invadiam sua sala, pela tal porta que ele me mandou entrar.E assim afirmo, que nós não devemos nos acovardar diante de certas situações que são geradas pelo nosso serviço público.Temos que encará-las de frente, e assim estaremos contribuindo com o nosso governo a melhorar o atendimento a êste povo tão sofrido.

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