Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu nem imaginava o que era uma UTI...

No início desta narrativa, informo que quero passar aqueles que lerem, valores pessoais que se atrelam a números existentes em minhas características de personalidade.
Os numerólogos dizem que sou um ser de coisas e fatos muito fortes, sou um homem cheio de “noves” o que representa nesta individualidade, muita luta e muita energia.
E qual UTI não será um forte acontecimento, na vida de qualquer um ser vivente, tenha ele um “9” ou não?
Fazendo uma retrospectiva de minha vida, a numerologia sempre me afirmou que todos os números estavam cobertos de razão, pois eu tenho o peso de ser um geminiano, e todos os acontecimentos que marcaram a minha vida se prenderam por algum motivo ao número nove.
O caso “UTI” não poderia ficar de fora, pois veio a confirmar tudo isto.
Sofri um enfarto no dia 27.09. 2006. Observem que o dia já era dois mais sete que é igual a nove, o mês era setembro que é o mês nove, dia de São Cosme e Damião, e olha aí o símbolo do geminiano - o ano era na sua soma o oito o numero da infinidade.
Aí então conclui que os numerólogos estavam cheios de razão, pois em todos os principais fatos de minha vida, quer sejam na vida escolar, carreira profissional ou vida afetiva, confirmaram a força deste fantástico nove.
Quando enfartei, fiz um longo retorno a coisas que me aconteceram em todos os dias vinte e sete da minha vida, cujos fatos marcaram sempre o meu caminho, e daí, verifiquei que estou com um saldo positivo. Pois sempre diante dos fatos, o meu citado nove, pode ser vencedor ou perdedor.
E isto tudo se passava em minha cabeça, exatamente no momento em que eu ingressava na ambulância, depois de idas e vindas em outros estabelecimentos de saúde e ter finalmente chegado ao momento do Hospital onde realizar-se-ia a minha intervenção cirúrgica.
Ali naquela bendita Casa de Saúde eu teria que permanecer pelo menos durante sete dias, numa área que ninguém gosta logicamente de estar, a UTI.
Em lá chegando, fui conduzido ao meu espaço de recuperação. Tal espaço não ultrapassava um metro quadrado e oitenta e lá, tudo poderia acontecer!
Numa UTI não tem melhor nem pior, tudo corre conforme o tipo de doença para atendimentos, e tudo se passa e se faz naquela cama, já tão bem conhecida por mim, por ter sido na minha juventude, um empregado em fábrica de móveis e equipamentos hospitalares.
Mas ainda bem que a minha amada mulher, nunca me deixou sozinho naquele nosocômio. Naquela cama se faz tudo, lá tem que ser tudo rápido, é uma mistura de soros e alimentos, sondas, fios que ligados a aparelhos passam por cima de nós e substituem o fundamento utllidade.
O internado ali se acha totalmente desprezado e abandonado, mesmo diante dos médicos que coletivamente passam por lá em determinados horários do dia, nos fazendo pensar que aquelas aparelhagens, telas de vídeo, que mostram os números de batimentos, níveis de intervenção e gráficos do que se passa no nosso corpo, são as coisas mais importantes para aquela equipe.
Aí então, é naquele momento que o paciente se sente inútil, pois aqueles profissionais nem arriscam um olhar para a vida ali jogada a espera de uma palavra que seja para sua cura. Entreolham-se e balbuciam palavras ou termos técnicos, que o paciente no leito desconhece.
As máquinas de Raios X nos procuram quase que diariamente, tomamos em média uns vinte comprimidos ao dia, somos espetados de todas as formas, nos braços, pernas e abdome.
A nossa veia profunda é procurada por um vigoroso médico, numa busca intuitiva, e no momento em que a encontra, balbucia entre dentes, ufa, achei!, nos aliviando temporariamente, das grandes pressões físicas sofridas naquela busca.
Com a garantia do encontro da veia profunda se equilibram as coisas, para que as jovens enfermeiras possam iniciar seus trabalhos de nos alimentar com soros e remédios necessários para nossa sobrevivência até a bendita hora da intervenção salvadora!
Os jovens enfermeiros da Uti, sempre atuam nos momentos de força, transporte de pacientes e dos grandes maquinários que envolvem a segurança médica, como os aparelhos de Tomografia e Raios X, onde necessitamos da presença do macho.
Assim fiquei nesse estágio de preparação por mais sete dias, para finalmente poder então ser operado, para colocar as minhas três pontes de safena e as duas mamárias.
Os grandes riscos dessa intervenção cirúrgica não foram passados para mim, foram todos transferidos ao meu amor, que ficou sofrida e doida, pois já me acompanhava a nada menos de oito dias, e teria sido avisada, pelo cirurgião de que eu não resistiria a operação.
Os médicos levavam o planejamento da cura como resultado final, com grande disposição e seriedade, pois eu tive a satisfação de conhecer um grande especialista nessa área da cardiologia, o Doutor Panayotis! Figura sábia e importante que passou em minha vida, para me salvar.
Ele atende com toda a segurança e sabedoria no Hospital das Clinicas de Jacarepaguá, e passa força e confiança a todos que dele recebem a orientação. Apesar de ter um nome complicado é um excelente profissional brasileiro, que quem conheceu nunca mais esquece.
Mas se querem saber da verdade, em toda história existe um vilão, e quem foi o meu vilão?
A pobre da nutricionista do Hospital, que não aceitava de forma nenhuma que a minha alimentação fosse levada após as 13 horas, como sempre fiz em casa.
Ela afirmava que eu teria que comer a comida fria, já que não obedecia ao horário, pois a minha comida só seria levada pra mim no horário de onze da manhã.
Mas dos males o menor, como sempre me dizia minha mãe, “Não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe!”
Hoje, sem nenhuma dúvida, me considero um grande vencedor, pois esta foi a quarta e mais difícil intervenção cirúrgica na minha vida.

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