Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

terça-feira, 12 de maio de 2009

Minha primeira mala de vida

Quando por um acaso, ainda me chamam de “mala”, eu simplesmente não me contrario, pois sei que tudo que acontece em nossa vida, diz respeito realmente a “mala” que recebemos ao nascer e a uma outra “mala” que vai ser responsável pela nossa última viagem, aquela em que reunimos todos os projetos que regeram os nossos destinos de vida, aqui na terra.A primeira mala nos diz exatamente sobre a nossa perspectiva de vida, porque quando nascemos e quando recebemos a nossa primeira mala, ao analisarmos o seu conteúdo, ele por certo nos indicará as facilidades e as dificuldades que se apresentarão ao longo do nosso caminho.
Não posso esquecer, que quando nasci, filho de família pobre, minha mãe preparou a minha primeira mala de vida para me receber e num processo cuidadoso e de muita luta para que nada me faltasse, ela conseguiu reunir as principais peças de roupas, para o meu agasalho, e dito por ela, a maioria delas, teriam sido doadas, pela nossa vizinhança.
Tudo parecia perfeito, eu já tinha a minha primeira mala de vida e minha mãe aguardava bem segura, a minha chegada. Mas, infelizmente, nem tudo que se planeja acontece, e por obra genética, eu nasci fora dos moldes normais de um recém nascido.
Cheguei ao mundo com 55 cm de comprimento e o peso de uma criança de três meses, pois eu nasci com 5,2 gramas.
Por aí já sentimos, que a minha primeira mala de roupas e agasalhos , não funcionou!Mas minha mãe, era uma filha do otimismo e rapidamente, conseguiu a ajuda de uma senhora de origem Libanesa, e que por sinal, minha mãe só a chamava, por não saber seu nome, de “Dona Libânia”.
Essa senhora residia na última casa da Vila onde morávamos e conforme minha mãe contou depois, foi essa mesma senhora, que lhe deu um prato de bacalhau, que havia lhe despertado desejos de comer, antes do meu nascimento.
Para que eu não nascesse babando ou com os cabelos arrepiados, a “Dona Libânia” foi muito gentil com a minha mãe, dizendo que se ela tivesse mais algum outro desejo provocado pelo cheiro saboroso da sua comida , que ela não fizesse cerimônias, garantindo assim que não deveria me aguardar com desejos não realizados.
E assim então, minha mãe , que na época tinha apenas quinze anos, venc eu a primeira etapa de dificuldades da minha vida, pois além de comida, minha mala ganhou roupas também!.

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