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Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

segunda-feira, 9 de maio de 2011

MINHA LIGAÇÃO COM OS PORTUGUESES

A minha primeira visão de vida foi com os tão amados irmãos portugueses, que nos deram de presente as primeiras noções de viver.
Eu era um menino que iniciava o seu entendimento sobre vida e abria toda a curiosidade para as inúmeras portas das descobertas.
E como se dizia antigamente, as coisas nos levavam para um grau de obediência aos inúmeros lusitanos, que aqui eram residentes.
Todos eles tinham melhores condições financeiras do que a maioria dos nossos brasileiros e ainda respondiam pela esperança de serem filhos de uma grande nação do “futuro”, o nosso grandioso Brasil.
Eles eram a história criada por um povo europeu que buscava mundo afora, os caminhos e os espaços para viver.
O primeiro português que eu conheci foi o senhor Oscar Portugal, morador da rua em que eu nasci.
Foi ele quem me ensinou a primeira pérola portuguesa, quando me disse: “- a vida é simples, são dois buracos, um que a gente nasce e outro que a gente morre”.
Assim, ainda criança, eu vi onde predominavam as forças dos lusitanos.
Ali, na rua onde eu morava, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro, precisamente na Rua do Cajá, proliferavam os povos de Portugal.
Nessa mesma rua, hoje, o Governo do Estado pensa em realizar a construção da nova linha do metrô, onde deverá acontecer a ligação desse antigo bairro do subúrbio da Leopoldina ao aprazível bairro da Barra da Tijuca, o novo eldorado carioca.
Assim como servirá de apoio logístico da Copa do Futebol Mundial em 2014, propiciando toda a melhoria dos jogos das Olimpíadas de 2016.
Além do Senhor Oscar Portugal, ali naquela rua, também residia a trineta da Princesa Isabel , a dona Venina, a chamada Princesa Leopoldina que possuía nada mais nada menos, que duzentas e cinqüenta casas herdadas da família imperial.
Eu e minha mãe residíamos com toda a nossa família, numa daquelas grandes casas, que fazia parte daquele complexo imobiliário, por ela herdado.
A minha mãe apesar de muito jovem, desempenhava o papel de sua administradora de confiança, em todo o trabalho de recebimento mensal dos aluguéis.
A princesa Leopoldina a remunerava com salário e ainda uma das formas de pagamento era a moradia. Os demais moradores demonstravam uma grande ponta de ciúmes, porque não entendiam como uma pessoa viúva e tão jovem, podia exercer tão bem o papel de administradora, com tanta responsabilidade, jamais negligenciando das necessidades de reparos e obras nas casas de propriedade da Princesa, fossem ou não, solicitadas pelos locatários.
Na rua próxima, a Rua Dionísio, morava o senhor Laureano, filho do major Freitas, um português também milionário, que era dono das casas do lado esquerdo da rua do Cajá, que ocupavam dois quarteirões inteiros, com um conjunto de dezesseis apartamentos, todos com dois andares e gabarito autorizado pela Prefeitura, construídos por ele.
Possuía ainda uma outra vila, com também dezesseis casas, que faziam as ligações entre as duas citadas ruas, a do Cajá e a Dionísio.
O Sr. Laureano também era dono do maior frigorífico de carnes daquela localidade, que atendia os bairros da Penha, Olaria, Bonsucesso, Ramos e Circular da Penha, com os seus açougues.
Filho também do Major Freitas, era Hugo de Freitas Rocha, conhecido professor e dono do Colégio Nossa Senhora do Brasil, onde eu apreendi as primeiras letras.
Cito também o nosso armazém da esquina, que era de propriedade de outro lusitano, o senhor Gonçalo, que fazia o controle do vasto suprimento, com o famoso e antigo caderninho de compras, como um documento de crédito. Aquele armazém ficava bem próximo de nós e era o único do bairro mais próximo do super-mercado daquela época.
Seu proprietário, o Sr. Gonçalo foi o ex-patrão do meu pai na grande garagem municipal de Triagem, quando eu nem era ainda nascido.
Todas essas figuras citadas, todas de origem portuguesa, foram de muita importância para aquela região.

(Jorge Queiroz da Silva - agosto/2010)
Fonte da imagem:amateriadotempo.blogspot.com

Um comentário:

  1. Os portugueses foram a nossa origem, por assim dizer.
    Quem de nós não tem uma boa história pra contar na família.
    Gostei de ler.
    abraços,
    Juan Carlos

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