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Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

sábado, 23 de junho de 2012

Um publicitário ousado e criativo

As coisas acontecem na vida da gente e somente após vivermos outras tantas aventuras, vamos valorizar e arrancar exemplos de uma vida diferente.
Às vezes até chamamos e apelidamos determinadas vidas de causas inconseqüentes ou inventivas em excesso, mas acho que nunca devemos assim classificar conhecimentos que adquirimos pelo caminho, que nos foram passados em nossos itinerários de vida e que nos exibiram sem dúvida, francas e extensas formas de viver, pois nós homens, viemos ao mundo para criar coisas e buscar parcerias.
Vem aí então o titulo dessa crônica, que me chamou a atenção pela felicidade que tive em conhecer, o jovem e inspirado publicitário o meu amigo de apenas seis meses de convívio, Paulo Brocá.
E ouso aqui falar dele, inclusive sem saber se ele é ainda vivo, mas que mesmo assim, eu não posso duvidar que ele não o seja, pois acho que posso afirmar que pela sua inteligência e criatividade, com certeza deve estar bem vivo por aí, pois é o tipo de figura humana, que tem conceitos para enganar a própria morte.
Quando decorriam os anos setenta, eu que estava em trabalho, já há mais de dez anos no mercado da construção civil, fiquei de repente desempregado.
A empresa onde eu trabalhava, entrava num processo de falência, e eu que estive bem antes, já observando o preparo de um pedido de concordata, e que tinha conhecimento, que administrativamente era longo e penoso, já estava então vivendo como um executivo hiper-preocupado e estressado.
Eu, com família para sustentar e que jamais tinha participado diretamente de um processo judicial de uma empresa no início de uma fase de falência, resolvi abandonar o barco que já fazia água e se preparava para afundar.
Como já estava saturado na preparação do processo da concordata, não tive a coragem de encarar um novo processo falimentar, pesado e muito discutível entre os participantes e responsáveis, pra atender aos milhares de credores, que se apresentam para compor um quadro da massa falida, que fica diante de um síndico escolhido pela massa falimentar.
Por isso, resolvi abandonar os meus direitos trabalhistas e parti em busca de um mundo novo.
Encontrei apoio em um amigo antigo, o Waldir Lopes Gonçalves, que era gerente de um banco, e que se ligava ao referido Paulo, um correntista da sua agência bancária e bem ligado aos negócios da empresa dele de publicidade.
Assim sendo, o amigo Waldir, para não me ver parado, fez pra mim uma apresentação, que viria me ligar numa nova expectativa de trabalho, em uma área profissional que me daria uma ampliação na minha visão no mercado publicitário, pois o pouco que conhecia era de, num passado distante, ter trabalhado em dois jornais cariocas, mas sem nenhum conhecimento de publicidade de encartes e revistas semanais.
E aí então dei inicio ao meu trabalho, na agência de publicidade do Paulo Brocá.
Primeiramente ele não acertou nenhum ganho para mim e fui fiando todas as minhas necessidades e aguardando que ele me oferecesse , um trabalho com uma nova especialização.
Vejam vocês, nada aconteceu, pois eu fiquei bem ilustrado de que pudesse existir um trabalho, igual a um departamento de câmbio de vida profissional.
Ao tentar conversar com ele sob o meu envolvimento e o meu contrato de trabalho fiquei surpreendido, quando ele me disse que não usava dinheiro para pagar aos seus empregados.
Confirmou que sempre se utilizava do processo de trocas, em relação ao seu trabalho e ao de todos da área publicitária, me deixando sem saída quando afirmou que se eu quisesse trabalhar para ele, teria que ser daquele modo, pois em geral os seus contratos publicitários eram trocados com as empresas anunciantes. E assim o eram sua residência, fruto dos contratos de publicidade imobiliária, seu carro , contrato das empresas fabricantes ou vendedoras consorciadas que com ele anunciavam. Da mesma forma eram o calçado que calçava, a roupa que vestia, o escritório da sua empresa, a telefonia, os equipamentos para o escritório, o remédio que tomava para a saúde e até as jóias com que presenteava a mulher. Tudo aquilo se incluía nas trocas cambiais de serviços profissionais.
Depois daquela explanação convincente me perguntou se eu ia topar. Aí então após seis meses, fiquei frustrado e procurei o meu amigo Waldir, para colocá-lo a par de que não poderia trabalhar daquela forma, cambiando as minhas coisas e a minha vida.
Nunca pensei que aquela forma de pagamento jamais pudesse existir, principalmente num país emergente como o nosso, sem ter nenhuma garantia técnica ou profissional.
Jorge Queiroz da Silva (agosto/2009)

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